terça-feira, 28 de agosto de 2012

Estação Central – Parte X

-Vivian, você está bem?
-Estou o que... O que aconteceu?
-Já vou tirar você daqui.
-Espera, Luis eu quero te dizer algo.
-Diga estou ouvindo enquanto isso me deixe tentar sair do carro.
-Não espera me olhe, por favor.
Luis suspira.
-Deus, diga Vivian.
-Desculpe, eu... Eu te amo sempre te amei, mas você nunca me deu a mínima chance, por causa desta moça que sempre amou, eu sei que estou errada que não será meu, mas eu te amo.
-Eu sei querida, eu sei, desculpe não corresponder, mas entenda que não posso ficar com você, agora me deixe sair e tirá-la do carro. Vou chamar ajuda, em breve estará em casa sã e salva.
Vivian concorda com os olhos encharcados, vê ali que seu amor é em vão, que nada poderá fazer que só exista uma opção, esquecê-lo.
Algumas horas depois, no hospital da Capital, os pais de Luis são liberados para visita-lo no quarto.
-Luis!- grita Meredith
-Se acalmem estou bem, foi só um susto.
-Meu filho, ficamos tão preocupados.
-Eu posso imaginar... Onde está Alice?
Meredith olha para seu esposo, os dois ficam em silêncio.
-Falem estou ficando angustiado.
-Se acalme você ainda está um pouco debilitado.
-Mãe, o que aconteceu não me esconda nada, cadê a Alice?
O Pai de Luis se aproxima da maca.
-Em cirurgia meu filho.
-O quê? Como Assim, que cirurgia, do quê vocês estão falando?
-Meu Deus! – Diz Meredith entristecida.
O Sr. Luis André respira fundo.
-Filho só uma maneira de dizer e direi.
-Então diga de uma vez!
-Alice quando soube do acidente não se sentiu bem, acabou... Acabou abortando, meu filho.
Luis fica alguns minutos em silêncio, perplexo.
-A culpa é minha, não deveria ter ido até o clube, se não tivesse ido...
-Não meu filho. – Diz Meredith – A culpa não foi sua, foi uma fatalidade, e devo lhe confessar uma coisa, sei que pode achar cruel e só vou dizer uma única vez em toda minha vida, fico feliz que isso tenha acontecido, seria uma dor muito grande cruzar os olhos com o passado todos os dias e ter que ama-lo. Se não fosse nessas condições ainda, mas foi muito duro tudo que aconteceu a ela, será melhor que ela não carregue mais este fardo, tenham outros filhos de vocês, adotem, façam o que acharem melhor, mas esta criança por mais amada que fosse ainda traria muita dor.
Luis se abraça em sua mãe, concorda com ela e pede pra vê-la, ela diz que só pela manhã, que por hora é melhor que durma, ele logo adormece sobre o olhar de seu pai enquanto sua mãe se dirige ao quarto de Alice para cuidá-la...
Pela manhã Luis pede à enfermeira que o leve ao quarto de sua noiva, ao chegar vê Alice sentada de frente para a janela, olhando para o jardim do hospital.
-Alice, como você se sente?
Alice responde sem se virar.
-Não sei dizer, uma mistura de dor com alívio, é confuso, me sinto mal pelos meus sentimentos, será que devo me confessar?
-Não me amor, você só precisa ser cuidada e amada. Logo estaremos em casa.
-Resolveu?
-Resolvi o que?
-Quando saiu de casa disse que ia resolver sua história com a Vivian.
-Há... Sim de certa forma, acho que no fim ela entendeu que amo você e que ela merece alguém que sinta o mesmo por ela.
-Fico feliz.
-Você está bem? Está estranha comigo, seca.
Alice se vira, o Sol bate em seu rosto e ilumina suas lágrimas, ela sorri. Sua expressão é outra, como se a Alice que ele conheceu tivesse desaparecido e uma nova mulher estivesse surgindo, mas Luis não teve medo e sim admiração, percebeu que em pouco tempo pode ver a lagarta se tornar uma linda borboleta, com belas asas e muita força pra voar.
-Desculpe meu amor, só estou pensativa, como você está?
-Bem, melhor agora em vê-la.
-Os pombinhos já conversaram que bom, agora o senhor ao seu quarto que tem que descansar. – Diz a enfermeira
-Nos vemos depois futura esposa?
-Nos vemos depois futuro esposo.
Alguns dias se passam, os dois saem do hospital, continuam os preparativos do casamento, logo chega à data tão esperada. No dia do tão esperado “sim” Luis vê Vivian sentada no fundo da igreja, antes de Alice chegar vai até ela.
-Achei que não vinha.
-Achei que não me mandaria o convite.
Eles se abraçam.
-Seja feliz, de verdade, eu te amo muito e espero que ela realmente te faça feliz.
-Ela já me faz, acredite.
-Assim espero.
Ela olha no fundo dos olhos de Luis, o beija no rosto e caminha em direção a igreja.
-Não vai ficar pra cerimônia?
-Jamais tive intenção de ficar.
-Mas você veio.
Ela se vira pra ele delicadamente.
-Um dia prometi a mim mesma que veria você no altar, vim ver, agora me vou.
Luis da uma risada.
-Só você mesmo.
-Eu sei, sou um máximo.
-Vai embora?
-Paris sente minha falta... Adeus
-Ate logo seja feliz.
-Você também.
Ela caminha ate sumir de sua visão, Luis recorda alguns bons momentos juntos, fica feliz por ela estar feliz e ter seguido seu caminho. Volta para o altar. Os sinos tocam, começa a marcha nupcial, Alice entra linda como um Anjo iluminado, ele esperou 10 anos por aquele momento. Ao seu lado seu padrinho Seu Hairton a acompanha até o altar. Todos conseguem sentir a felicidade daqueles dois jovens corações, mas poucos iram saber como foi difícil uni-los, ou como foi difícil passar por tantos obstáculos, o certo é que se algo à se passar para as gerações que seguiam o trajeto desses dois, é que, o amor sincero, supera qualquer distância, barreira ou dificuldade, quem ama sofre, perdoa, não desiste e persiste.

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