sábado, 28 de julho de 2012

Estação Central - Parte V

Alice fechou os olhos, Luis se aproximou e delicadamente aproximou seus lábios dos de Alice, os dois se arrepiaram, voltaram dez anos no passado para a noite em que se conheceram, o amor e a paixão ainda ardia entre eles, nunca foi tão forte o sentimento. Luis a abraçou forte:
-Eu a amo meu amor, mais do que você possa imaginar, sempre te amei, sempre te amarei.
-Eu também Luis, eu também te amo, eu guardei meu coração todos esses anos pra você.
De repente eles sentem o trem diminuir a velocidade, estavam chegando a Estação Central.
-Vamos, nos chegamos. E agora você está a salvo.
Fazia muitos anos que Alice não ia a Capital, ela amava aquela cidade, mas naquele momento aquilo tinha deixado de ser importante, ela olhou pela janela, pegou sua valise e se dirigiu a saída do trem. Luis saiu em sua frente e se dirigiu a um casal de senhores, ela presumiu que fossem seus pais, ele lhes falou algumas palavras e eles a olharam e sorriram com uma grande felicidade como se estivessem aliviados.
-Venha Alice, que lhe apresentar meu pai, Luis Andre e Meredith.
-É um prazer senhores.
Meredith se aproximou com um olhar carinhoso:
-O prazer é nosso, estamos felizes que esteja aqui. Como você está, parece tão tristonha.
-Mamãe, tem algumas coisas que temos que conversar mais tarde, em casa.
-tudo bem filho, vamos Alice, a viajem foi longa e vocês devem estar cansados, vamos para casa.
Alice não estava entendendo exatamente o que estava acontecendo, Luis lhe garanti que explicaria mais tarde.
Na casa dos Furtado após ela ter se estalado e se banhado. Luis bate a porta.
-Posso entrar Alice?
-Pode.
Ele entra, senta-se, a observa enquanto ela termina de vestir os calçados.
-Você é linda sabia?
Ela sorri:
-Obrigado, gostaria que me explicasse o que aconteceu na estação?
-Sim, vim aqui para isso, bom é simples, meus pais me acompanham na minha busca por você nos últimos dez anos, quando cheguei imediatamente eu disse que era você a minha amada, por isso minha mãe ficou tão admirada, eu já contei tudo o que aconteceu com você e porque está triste.
-Tudo? Como tudo?
-Somente o incêndio e que perdeu sua família, não se preocupe, não seria indiscreto. Meu pai mandou um advogado para cuidar da questão da herança, em breve você terá que voltar a sua cidade para assumir os vinhedos, eu vou com você, lá você decide se vende se continua...
-Eu andei pensando nisso, já sei o que vou fazer. Então seus pais sabiam... Não seria mais apropriado que eu fosse para um hotel, não fica bem estar estalada em sua casa.
-De maneira alguma, aqui você fica mais a vontade, é nossa hospede, acredite, eu e meus pais estamos muito felizes em tê-la aqui, e depois esta casa será sua.
-Como assim?
-Quando nos casarmos esta casa será sua, certo. Você vai se casar comigo, não vai? È tudo que mais quero na vida, tê-la como minha esposa.
-Bom eu...
-Crianças... - Meredith entra ao quarto – perdoe me, a porta estava aberta.
-tudo bem – diz Alice
-O jantar esta a mesa, Vamos?
-Certamente – Diz Luis
Os três se dirigem a sala de jantar onde o senhor Luis Andre os aguarda
-Alice, que prazer ter você em nossa casa, não sabe como sonhamos com este momento.
-O senhor é muito gentil.
-Amanhã eu e você iremos comprar roupas novas, tudo bem? – Diz Meredith.
-Claro, senhora. –Responde Alice.
Eles jantaram, Alice sentiu-se um pouco deslocada, mas pode observar que aquela família realmente estava feliz com sua presença, e no fim se soltou e conversou alegremente, contou historias de sua família, riu, se entrosou, por algumas horas a tragédia que passou em sua vida não fez diferença alguma, agora uma nova família a adota-la, e eles a amavam tão sinceramente que ela nem podia acreditar. Um mês se passou e ótimos momentos ela pode viver, aquele lindo romance com Luis ia se tornando cada vez mais maravilhoso, mas o passado voltara mais uma vez para lembra-la.
-Alice?
-Sim senhor, precisa de algo? – Ela perguntou ao Sr. Luis Andre.
-Meu Advogado chegou de sua cidade, está tudo pronto, você deve viajar o mais breve possível pra lá pra acertar tudo em relação as suas terras e assumir sua herança, Luis ira com você.
Alice gelou, não queria voltar, não queria passar por aquela historia de novo, isso iria ser muito doloroso, Luis Andre se aproximou, pegou em sua mão.
-Eu sei que não é o mais fácil a se fazer, se quiser poderá assinar uma procuração dando plenos poderes ao meu advogado e sua decisão, mas eu sinceramente não aconselho, trabalha a anos com este advogado confio nele, mas Alice querida, você terá que enfrentar o teu passado um dia, para encerrar esta pagina da tua vida, e todo apoio que precisar você terá de nossa família.
-Obrigada.
Alice o abraçou, chorou de soluçar, ele se mostrou solidário, limpou suas lagrimas com seu lenço a beijou na testa e foi ao encontro de seu filho.
-Filho, preciso lhe falar.
-Diga meu pai.
-gostaria de dizer que confio muito em você, mas peço-lhe, não faça nada do que vá se arrepender nesta viajem, ela é pura, não se aproveite da situação, ela não é como a Vivian, você sabe disso não sabe?
-Ora meu pai eu sei, nem ousaria compara-las. E jamais faria algo que a desrespeitasse o senhor me conhece
-Conheço, mas sei que quando se está apaixonado se faz coisas erradas, eu mesmo fiz.
-Como assim, o senhor?
-Não vem ao caso.
-O senhor e a mamãe? Não acredito – Luis deu uma gargalhada – Nunca pude imaginar isso papai.
- Ora Luis não me desrespeite!
-Desculpe, mas não pude evitar... Não se preocupe, serei cuidadoso, amanha de manha embarcamos e você e a mamãe se comportem heim?
Luis sai rindo enquanto seu pai resmunga furioso.
Ele vai ao centro da cidade resolver uns últimos assuntos antes de partir, chega até um café e encontra um velho amigo, sentasse para conversar, ate que:
-Mas olha só quem está aqui, o jovem apaixonado por um fantasma.
Luis vira seus olhos em direção a voz que o fala:
-Vivian, que surpresa.

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Estação Central - Parte IV

-Diga logo Luis esta me deixando assustada.
-Quando você foi àquela festa, seu vestido era verde não era?
-Sim - Alice sorri - minha mãe o fez, era lindo, mas... Não me lembro de ter comentado a cor de meu vestido...
-Meu nome Alice e Andre Luis Furtado, foi a mim que você beijou naquela noite.
Alice soltou a mão de Luis e se levantou indo em direção à porta.
-Porque esta fazendo isso, esta brincando com uma coisa seria e muito importante pra mim.
-Não e brincadeira, eu estava na sua cidade a sua procura, fui lá porque a festa que foi na minha casa, tinha uma lista de convidados, estou atrás das pessoas daquela lista, te procurando, a dez anos, entendeu. Olhe, seu vestido era verde, você estava de cabelos presos, usava um cordão dourado e uma pulseira com perolas. Você tem um sinal no braço esquerdo e na época usava um perfume que lembrava flores do campo, sua mascara era dourada com detalhes verde somente no canto direito. Você acha que se eu tivesse brincando eu saberia de tudo isso?
-Meu deus não e possível, como... Como você me achou, porque você esta me procurando todos esses anos?
Ele se aproximou de Alice.
-Porque você acha? Eu nunca te esqueci, no dia seguinte comecei a procura-la pela cidade ate que meu pai conseguiu a lista de convidados, descobri que mais da metade da lista com 600 convidados vinham do interior, percorri todas as cidades que você possa imaginar ate te encontrar e... Eu te encontrei finalmente te encontrei pena que nestas circunstancia tão dolorosas, mas... Você esta aqui e eu... Eu a amo, te peço que me de a oportunidade de lhe provar meu sentimento, deixe eu te fazer feliz. Como você mesma disse também nunca me esqueceu, por favor.
Alice com os olhos cheios de lagrimas não conseguia acreditar no que ouvia, era ele, finalmente o tinha encontrado, 10 anos depois e ele a procurando, como Deus podia ter dado este presente a ela depois de tudo que aconteceu? O que ela fazia agora corria para os seus braços, negava aquele sentimento?
-Alice você esta me ouvindo?
-Sim só não sei o que dizer.
-Não diga apenas me beije.

Estação Central - Parte III

-Alice, você esta acordada?
- Só um instante...
-Vou espera-la no restaurante, para o café da manha.
-Ta bom, o encontro lá em alguns minutos.
Alice começou a se arrumar, olhou para fora, o sol esta pleno naquele dia, poucas nuvens, parecia um dia lindo, ela olhou em sua mala, não tinha muitas roupas, pois teve que comprar pouco já que não sabia quando iria receber sua herança.
-Será que ele vai perceber se eu usar algumas coisas que usei ontem, vai reparar?

Enquanto isso Luis a esperava no restaurante, pediu que pusesse em sua mesa uma flor. Estava ansioso, mãos tremulas, não conseguia entender o porquê de tanto nervosismo, mas uma coisa não saia de sua cabeça, de onde ele realmente a conhecia, será que era ela, não podia ser, em seus cálculos eu teria por volta de 25 ou 26 anos, Alice parece mais Jovem, mas entretanto, ela se parece um pouco, mas não podia ser, seria muita conhecidência...
-Luis? Posso sentar-me?
-Mas e claro.
Ele levantou, puxou sua cadeira para que ela pudesse sentar-se. Ela olhou a mesa, abaixou o olhar e sorriu.
-Que mesa bonita, tem ate uma flor.
-E pra você Alice, para você começar bem o dia.
Os dois se olharam por um instante, sorrira, Alice desviou o olhar e passou a observar a paisagem.
-Me diga uma coisa Alice, você já se apaixonou?
Alice levou seu olhar para longe como se recordasse de algo.
-Já, há muito tempo atrás...
-E vocês não ficaram juntos, o que aconteceu?
-E uma longa historia...
-Bom eu tenho um dia e meio dentro do trem com você gostaria de ouvir...
-Há uns 10 anos atrás, fui a capital com meu pai, meu irmão estava prestes a nascer e minha mãe corria riscos, passamos uns seis meses mais ou menos morando lá. Quando meu irmão nasceu, alguns dias depois, meu pai tinha uma festa para ir, um baile de mascaras, ele pediu que o acompanhasse, minha mãe não estava recuperada totalmente e ele precisava ir, poderia fechar um grande negocio para nossa família. Coloquei meu melhor vestido e o acompanhei.
-Então você já conhecia a capital?
-Sim... Nesta noite havia um rapaz muito bonito, era filho do dono da casa meu pai disse, vá cumprimentá-lo. Quando cheguei perto dele senti algo muito forte, não conseguia falar, ele me olhou, veio em minha direção e perguntou se eu queria dançar, foi mágico.
-Você chegou a perguntar o nome dele?
-Sim, Andre... Nunca o esqueci, depois conversamos um pouco e ele me disse que eu seria sua esposa se desejasse. Eu ri, era muito jovem pra casar e ate achei que ele estava brincando, então meu pai me chamou ele me perguntou o meu nome, antes que eu pudesse responder meu pai gritou “Vamos, sua mãe esta passando mal”. Fiquei tão apavorada que sai correndo e não disse meu nome, assim como também não tirei a minha mascara e não vi o rosto dele.
Luis saiu da mesa, Alice se assustou, foi atrás dele.
-O que ouve, eu disse algo errado?
Luis parou, limpou os olhos.
-Você esta chorando o que eu fiz, perdoe-me?
-Você não fez nada Alice, eu só preciso ficar sozinho por algum tempo.
-Tudo bem se assim desejar...
Luis virou-se e saiu Alice sem entender ficou perplexa, o que ela tinha feito errado,
-E melhor deixa-lo só. Quando ele quiser ele conversa.
Alice foi para seus aposentos e ali ficou o resto do dia e a noite. Na manha seguinte alguém bate em sua porta, ela corre pra atender.
-Luis?
-Não senhora, me chamo Francisco, vim avisa-la que em 1 hora chegamos a Estação Central, todos devem descer, se tiver outro destino poderá comprar a passagem na estação mesmo.
-Ha sim, tudo bem, vou me aprontar. Obrigada.
O senhor se afastou, ela fechou a porta e começou a guardar suas coisas. Onde estava Luis, será que ele não queria mais vê-la? Bom, a vida tinha a deixado sozinha novamente, seu novo amigo se fora, e provavelmente naquela imensa cidade não voltaria a vê-lo de novo.
Alguém bate novamente a porta.
-Eu sei em uma hora desembarcamos.
-Sou eu Alice.
-Luis?
Alice corre para abrir a porta.
-Você esta bem?
-Vim desculpar-me, posso entrar?
-Claro.
Ele entra senta-sena cama, ela o acompanha.
-Não precisa se desculpar Luis, eu não sei o que ouve, mas entendo se você não quiser falar sobre isso, eu que tenho que me desculpar...
-Não, você não tem. - Ele respirou fundo, pegou a sua mão. - Alice tem algo que desejo  lhe contar, algo muito importante.

Roubado

Eu parto do princípio que sempre devemos perguntar antes de pegar, e sempre pergunto, fica mais bonito no meu pulso ou daquele rapaz do parque o Rolex? Lógico que no meu. Então ai vou em sua direção, peço as horas, falo do tempo e antes que o rapaz perceba que já lhe roubei o relógio, a carteira e o celular, dou adeus e continuo meu caminho...
Eu sou Victor, moro na cidade mais linda do mundo, Paris, a mais romântica, onde milhões de turistas vem todo o ano para que possam seu roubados por mim, o mestre. Qualquer um nestas ruas me conhece, mas também, com este charme, essa beleza, esta esperteza, se eu fosse mulher casava comigo. Eu só tenho um defeito, Medelen. Essa desgraçada roubou meu maior tesouro que venho escondendo a anos, a não consigo pegar de volta... Confesso também que não sei se quero... Não eu quero sim, tenho que esquecê-la. Medelen me roubou o coração, estou perdidamente apaixonado, logo eu, que tive em meus braços centenas de mulheres, muitas mais lindas do que ela, mais perfumadas, mais delicadas, mas nenhuma com todo o conjunto junto... Aiaiai, preciso para com isso, e logo, assim acabo com minha carreira, logo agora que estou com o roubo da minha vida arquitetado, pronto pra ser executado, essa moça me aparece, como vou poder fazer isso com ela em meu caminho.
Eu pretendo roubar o maior museu de paris, u dos mais famosos do mundo, assim serei mundialmente famoso, as vezes nem acredito o quanto sou espetacular... Mas Medelen, ela trabalha no museu, é restauradora, isso temos em comum, ela restaura eu falsifico, hum, seriamos uma dupla incrível, mas daí ela teria que saber quem eu sou, saber meu oficio real... Não Victor se concentre, o museu sim Madelen Não! Mas ela é tão linda... Deus oque estou dizendo.
-O senhor vai ficar falando sozinho muito tempo? Nos temos que ir ao museu lembra?
Esse é Oscar, meu ajudante, um pé no saco mas, útil, esperto e ágil.
-Mas era só o que me faltava Oscar, ta querendo me dar ordens?
-Desculpe patrão, não queria lhe ofender.
Adoro quando ele se rebaixa e se põem no lugar dele, afinal como ele disse “eu sou o patrão”.
-Tá, tá... Vamos, o carro já está pronto?
-Sim senhor.
-Então vamos ver Medelen, digo... o museu!
-Medelem? A Restauradora? Não acredito patrão, o senhor tá pegando aquela gostosona?
-Calado, não lhe dei intimidade de falar desse jeito comigo, e não estou “pegando”ninguém, mais respeito, concentre-se no museu.
-Claro patrão, desculpe.
Às vezes tenho quê ser rude, não gosto, não combina comigo, sou um lorde, mas Oscar me tira do sério, Medelen não é o tipo de mulher que você pega, é do tipo que você casa, eu casaria... ai meu Deus o que estou dizendo.
-Vamos Oscar, tenho pressa.
-O senhor que manda patrão.
Mais tarde no museu.
-Patrão, vou seguir o combinado, mapear o museu, volto em 1 hora.
-Aham, te encontro aqui.
Lá está ela... Meu deus que coisa mais linda, a não ela me viu, esta vindo pra cá, o que eu faço o que eu faço? Será que estou bem, e o halito?
-Sr. Victor, que surpresa!
-Espero que boa – Victor pega a mão delicada de Medelen e da um beijo suave. Ela sorri, as bochechas ficam levemente avermelhadas.
-Sim é claro, veio ver a nossa nova exposição? Iniciou hoje.
-Sim, como iria perder.
-Se quiser posso acompanha-lo e mostrar-lhe as obras.
-Seria um grandioso prazer.
Ela esta linda hoje, sei que deve estar falando de algo interessante sobre as obras, mas, é mais interessante olha-la. E o sorriso, é como se iluminasse o mundo, ela não anda simplesmente, flutua, é perfeita, mas nem sabe que eu existo, é gentil comigo por educação, será que eu deveria investir? Soube que esta solteira a uns dois anos, mas porque tanto tempo? Será que ela não quer? Vejo vários homens se aproximarem e ela sempre rejeita, se bem que comigo ela é sempre doce, será que sente algo?

terça-feira, 24 de julho de 2012

Estação Central - Parte II

-O que você vai querer comer, está com fome? – Perguntou Luis.
-Não, na verdade... Vou querer apenas um chá.
-Me diga uma coisa, como começou o incêndio?
-Não quero falar sobre isso!
-Perdoe-me a indelicadeza, eu fui um tolo, imagino que deve ser muito doloroso, você perdeu sua família... Desculpe.
-Tudo bem, a culpa não foi sua, já se passou duas semanas e a investigação ainda não sabe como aconteceu o incêndio, acho que dificilmente vão descobrir o motivo.
-Por quê? Você sabe como começou, desculpe-me, de novo me entrometen...
-Sim eu sei se é isso que quer saber!
-Acho que aqui não é o melhor lugar para conversarmos sobre este assunto, ainda mais com você tão nervosa, as pessoas estão olhando.
Alice olha a sua volta, todos a olham e sussurram, irritada ela se levanta e sai em direção ao vagão seguinte. Luis a segue. No outro vagão:
-Espere, eu não queria ofende-la, você... Você está chorando? Meu Deus, como posso me desculpar?
-Não quero que se desculpe, só preciso descansar, isso é muito recente pra mim, ainda não sei como lidar com toda essa confusão que a minha vida está.
-Eu compreendo, digo... Não toda a situação, mas que não deve ser fácil, ainda mais que você é tão jovem, tão cheia de vida e de sonhos, isso mata um ser humano por dentro, mas pense que sempre podemos ser felizes novamente, um dia você será feliz... Eu prometo.
Luis olhou no fundo dos olhos de Alice, ela por um instante se esqueceu de tudo que passara e acreditou nas palavras que aquele jovem rapaz lhe dizia, mas depois sua realidade invadiu os seus pensamentos:
-Gostaria que suas palavras fossem verdade, que eu pudesse ser feliz, que eu merecesse, mas não posso, a culpa é minha, minha família morreu por minha culpa, jamais poderei ser feliz novamente.
-Você está confusa agora, não foi sua culpa, foi um acidente... Não foi? Alice não foi um acidente?
Alice virou-se de costas para Luis, devagar caminhou até a janela e sentou-se, ele a acompanhou, ela quase que sem conseguir parar de soluçar começou a desabafar:
-Luis, você sabe que o vinhedo da minha família é muito conhecido...
-Sim, as melhores uvas, as melhores sementes, sempre ouvi dizer que as sementes são importadas.
-Sim, de tempos em tempos meu tio vem da Itália e traz as sementes para nós, grandes cargas valiosíssimas que temos o maior cuidado em armazenar.
-Sim entendo, mas o que isso tem haver com o incêndio?
-Este ano meu tio veio para passar uns dias a mais do que o de sempre, veio pra descansar, pois á anos ele só trabalhava, o coitado sempre deu muito duro pelos vinhedos aqui e na Itália, pois bem, este ano ao invés de vir sozinho, trouxe consigo meu primo, que eu não conhecia, ou conhecia não sei, meu pai disse que brincávamos juntos quando pequenos, mas quando meu tio foi morar na Itália nunca mais ele havia voltado. Na noite do incêndio, meu primo foi ao meu quarto e... Me...
-Acalmasse se não quiser não precisa dizer.
-Não eu preciso, não aguento mais guardar isso comigo.
-Seja o que for estará bem guardado comigo – disse Luis estendendo a mão a Alice.
Alice segurou a sua mão, soluçou e continuou.
-Meu primo me obrigou a ter relações com ele, contra a minha vontade, ele... Tirou a minha inocência. Quando terminou, disse que era pra guardar segredo daquela noite ou ele diria ao meu pai que eu havia me oferecido a ele. Ai ele teria que casar-se comigo para não ficar feio pra família.
-Que ódio! – Disse Luis irritado, Alice continuou:
-Do lado da minha cama, havia uma foto minha com minha irmã, ela tinha 16 anos. Eu percebi quando ele a desejou com os olhos, entendi naquele momento que ele faria o mesmo com ela.
Alice se vira para Luis.
-Entende que ele ia fazer o mesmo com ela? Eu precisava impedi-lo!
-Acalme-se eu sei, o que aconteceu depois?
-Eu o ataquei, com minhas mãos, ele pegou o castiçal bateu em mim com ele, só que a vela que estava no castiçal... Prendeu fogo nos lençóis, depois eu desmaiei. Só me lembro de que meu pai me tirou do quarto e me levou para fora, quando ele entrou para buscar os outros, o alicerce cedeu, o incêndio começou no meu quarto, foi minha culpa!
Alice se abraçou em Luis, desesperada, ele sem ação não sabia como conforta-la, era uma mistura de ódio do canalha que a havia violentado, com pena, indignação... Como ajudar alguém assim, como dar esperanças a um ser tão desiludido com o mundo?
-Alice o calhorda morreu no incêndio?
-Sim...
Luis respirou aliviado.
-Alice, não foi sua culpa, não se sinta assim, a culpa foi dele, ele que foi ao seu quarto, ele que derrubou a vela, a sua única culpa é ser tão linda. Não se sinta assim, sua dor já é enorme pela a sua perda, não se responsabilize, eu te imploro, ok?
-Será que um dia essa dor vai passar Luis?
Luis a abraçou mais forte.
-Não, ela vai diminuir, mas nunca sairá de dentro de você. Não posso mentir, mas agora você tem a mim – Luis segura o rosto de Alice, para que os seus olhos se cruzem – eu te prometo que nunca mais ninguém, mas ninguém vai te fazer mal, você sempre terá a mim, pode ter certeza.
-Obrigado Luis, é bom ter um amigo pra desabafar...
-Serei o que você precisar, quando precisar, eu te prometo. Agora vamos ao seu quarto, precisa descansar, te deixo lá e nos falamos pela manhã. – Ele limpa os olhos dela com as mãos. – Não chore mais, você tem olhos tão belos, mas não foram feitos para lágrimas de tristeza, somente para as de felicidade.
Alice sorriu. Algo estava acontecendo, algo que ela desconhecia, mas era muito forte, mais do que ela já havia experimentado.

Estação Central - Parte I

-Moça? Você está bem?
-Como? Ham? Por quê?
-Bom já passou dois trens e a senhorita esta parada ai olhando para o nada, não queria incomoda-la, mas... Preocupou-me um pouco...
Alice ergueu o rosto, olhos inchados, a boca rosada, cabelos um pouco bagunçados, olhou atentamente aquele senhor calvo em sua frente e somente sorriu, sem dizer mais nada, entrou no trem que acabara de chegar.
Sentou-se a janela, olhando o sol  se pôr no horizonte e começou a imaginar como iria ser a sua vida de agora em diante, tudo que ela tinha fora perdida, sua casa, sua familia, sua inocência, ficou apenas a lembrança...
-Moça, você está bem?
-Mas que saco todo mundo vai me perguntar isso hoje!
Alice, brava, se virou para a voz que falava com ela, um rapaz alto, pele clara, bonito, passava certa paz, ele sorriu meio que envergonhado e sentou-se ao lado dela.
-Desculpe, não queria te incomodar, mas... Você está me parecendo triste, achei que talvez quisesse conversar, para onde você esta indo?
-Que diferença faz? – disse indiferente.
-Talvez seja a mesma estação que eu vá descer...
-Vou descer na Estação Central.
-Olha, mas que conhecidência, eu também... Meu chamo Luis Furtado, qual o seu nome?
-Alice.
-Sabe você não me é estranha, será que nos não nos conhecemos?
Alice riu, e com um ar debochado indagou:
-Mas que cantada velha essa né, por favor, me poupa disso...
Luis sorriu, abaixou os olhos um pouco envergonhado, passou a mão no cabelo, ajeitou a gravata:
-Então Alice, eu não estou dando em cima de você, na verdade você nem faz meu tipo, mas realmente tenho impressão de já ter te visto.
Alice tapou-se de vergonha, até corou.
-Desculpe, mas acredito que não nos conhecemos, eu lembraria com certeza... E você também não faz meu tipo. - disse com certa rispidez.
-Ok, Ok... Talvez eu tenha me confundido... Ou talvez não?
Luis pegou a pasta que trazia e puxou o jornal, ali estava a noticia: Catástrofe, incêndio mata mais de 10 pessoas, única sobrevivente perde tudo. Abaixo do titulo da notícia, uma foto da casa em chamas, outra da família de Alice (cerca de 10 pessoas) e ela, com o rosto sujo ainda do incêndio e puro desespero.
Luis entendeu o que tinha acontecido, não sabia como continuar a conversa, ficou constrangido, sabia bem o que era não ter família, queria ampara-la mas não queria deixa-la assustada.
-Lembrou? Lembrou-se de onde me conhece agora? Com o jornal fica mais fácil né?
-Eu sinto mui...
-Não diz nada, não diga que sinta ou que entende você não entende, não sabe o que aconteceu e nem como aconteceu, não sabe - as lágrimas brotaram de seus olhos, era inevitável tentar conte-las.
Luis pegou seu lenço, segurou o queixo dela e virou em sua direção, limpou as lágrimas e a abraçou, era tudo que ela precisava naquele momento, ela estava no fundo do poço, e então era como se alguém tivesse lhe jogado uma corda.
-Você tem para onde ir?
Alice se afastou, limpou os olhos:
-Ainda não sei, para a capital eu acho, a família tinha muito dinheiro, dentro de um mês ou dois eu posso administrar o que herdei, ate lá, tenho umas economias, vou achar alguma coisa na capital, um hotel ou uma pensão... Ainda não sei, vou esperar lá, só sei que pra aquela cidade eu não voltou nunca mais. - Alice olhou pela janela, enquanto se afastava de sua cidade natal.
-Bom eu... Eu acho que posso ajudar, minha família tem uma rede de hotéis na capital, um deles sou eu que administro você pode ficar lá até resolver tudo, seria uma honra ter uma Montes em meu hotel.
-Eu agradeço, eu que sempre odiei meu sobrenome, finalmente me serve de algo, não é mesmo?- Alice olhou para Luis e sorriu, Luis ficou admirado ao ver aquele sorriso, era lindo, quando ela sorria, fechava um pouco os olhos, o nariz parecia desenhado, ele pode observar que ela tinha os olhos amendoados, o pescoço longo, era quase perfeita, apesar de aparentar pouca idade transpassava muita maturidade e segurança, ela sabia que ela tinha por volta de 20 e poucos anos, sua família era riquíssima, tinham o maior vinhedo da região, ela era uma jovem solteira, sem família e abandonada, ele sabia que se interessasse por ela poderia parecer que ele estava interessado apenas em seu dinheiro, mas... Como não admirar aquela bela moça, sua pele era como uma seda, intocada, pura, irresistível.
-Senhor, o seu olhar está me incomodando!
-Desculpe, não queria lhe incomodar... Está com fome? Esta na hora do almoço e podemos ir ao restaurante do trem, o que acha?
-Pode ser...
-Só limpe o rosto, para as pessoas de lá não ficarem te olhando, sabe como são estes urubus, nos temos dois dias de viajem ainda, se tiverem que te ver, que não seja assim não acha?
-Concordo, irei ao toalete, se poder me aguardar?
-Claro, o quanto for necessário.
Alice o olhou, pensou na frase que ele acabara de dizer, será que ela tinha entendido errado, havia certo interesse daquele jovem rapaz nela?

Eu que sempre pensei demais...

Eu que sempre pensei demais em tudo que fiz ou faço e claro no que vou fazer, as vezes paro pra observar os outros, será que eles pensam nas consequencias de suas ações? Eu sou a prova viva de que aqui se faz e aqui se paga... nao teve vez que eu não errasse e não fora cobrada por isso, mas também, meus bons atos foram sempre muito bem recompensados.
Me lembro bem que em toda a minha infancia vi a minha mãe se comprometendo com a comunidade, fazendo ações em benefico daqueles que não tem condições de terem uma boa Pascoa, Natal ou dar um feliz dia as Crianças digno aos seus filhos. Sempre questionei ela apenas em uma coisa, ela fazia tudo aquilo todos os anos e ninguém soube que era ela a pessoa que os ajudava. Eu pensava comigo, do que adianta tudo isso,se essas pessoas nem sabem que a mãe existe, se passam e nem comprimentam, se ela fica doente eles não tão nem ai, ainda se  não bastasse vivem falando da nossa vida e achando que agente tem mania de "granfino", poxa logo agente? Minha mãe nesta época fazia técnico de enfermagem de manha, faxina a tarde e estágio a noite, meu pai era motorista em uma grafica, moravamos em uma casa alugada, todos nossos móveis eram doações de amigos queridos que em gratidão por tudo que minha mãe fazia por eles,davam como uma maneira de dizer "obrigado". Que gente ridícula, no fundo eu odiava eles e odiei por muitos anos.
Hoje mais velha trabalho no grupo espírita que minha mãe fundou a mais ou menos 6 anos e, começo a entender o porque de sempre ajudar o próximo.
Você tem ideia do que é alguem lhe dar um abraço e dizer um obrigado tão sincero que te motiva e te toca a alma? É a melhor sensação do mundo, como é bom saber que você ajudou alguém, que você foi útil, que aquele ser que já disse em sua presença estar discrente de esperanças, hoje é feliz, porque você foi o veículo para esta pessoa encontrar a paz dentro de sí.
Eu ainda tenho medo de as vezes não poder ajudar e a pessoa me cobrar por isso, mas aprendi que tudo tem a sua hora, e que também vem da pessoa querer esta mudança. Eu por exemplo mudei muito, quando sai de casa era muito fria, egoísta, metida, meu pensamento era somente no hoje, o amanha não importava, demorei anos até poder entender que somos um individuo único sim, mas que vivemos em um mundo em que ser unico nos traz muitas responsabilidades. Então aprendi a ser parte de um conjunto, um conjunto maravilhoso que eu escolhi pra mim, a Família. Eu digo que escolhi porque a minha eu escolhi mesmo, com excessão dos meus pais e avós, tenho dois irmãos que são meus melhores amigos, nascidos de outra mãe diferente da minha, mas que amo muito como se fosse criada desde a infancia com eles, tias que não são irmãs da minha mãe mas são muito amigas dela e que consequentemente me adotaram como sobrinhas e por ai vai. É uma familia maravilhosa que não se reune na minha casa apenas porque é FAMILIA, mas porque nos amamos como tal. Vejo que durante anos a minha mãe dou tudo que ela pode, mesmo não tendo muito por que ela tinha reis motivos, esta alegria verdadeira e me ensinou pra a ser como ela, eu muito contrriada de inicio obedeci, o retorno? A família que eu conquistei é um dos retornos, e digo que o melhor... Pois aprendo todos os dias com eles e eles comigo, uns mais perto, outros longe, mas sempre unidos, muito unidos. Eu penso que eu, que sempre pensei demais, nunca pensei que seria feliz assim, sem desejar o material, mas desejando seguir os passos de minha mãe, aumentar,cultivar a minha família cada vez mais e se Deus quiser ser capaz de passar este ensinamento para a minha filha também.

Maiara Zanini