-Naquele
dia a Mestre passou muito angustiada e pensativa, um lemuriano diferente de
você e dos outros do seu grupo, veio e lhe falou algo em particular, depois de
alguns minutos a Mestre pediu para acompanha-la.
-E
oque aconteceu aonde fomos Malinton?
-Fomos
a Terra, a onde ficava seu continente natal, lá uma grande reunião com 21
lemurianos acontecia, ao nos aproximarmos eles se afastaram e apenas 1
lemuriano ficou, identifiquei que pela postura era algo como seu mestre, ainda
não o conhecia. Ele me olhou, falou telepaticamente com você e nos dirigimos á
um pouco mais adiante, paramos em uma plataforma próxima á um vulcão. Vou lhe
mostrar para que compreenda melhor a cena lembrando-a.
Malinton
tocou meu ombro, entrei em algo como um vórtice, vendo várias coisas sem
sentindo e me identificando com algumas passagens minhas em vidas que havia
tratado em regressão, parei bruscamente na cena que ele havia dito, como
espectadora me vi, e a todo o resto. Me vi tão claramente como vejo a água, o
sol, a terra, mas uma simples espectadora apenas.
Me
aproximei (eu digo, como era na forma lemuriana) do meu mestre junto ao
pleidiano. O mestre olhou no fundo de minha alma e disse.
-Já
a tempos penso em como progredir como você e infelizmente chegamos ao ponto que
não temos como agir mais.
-Como
assim? - Eu retruquei.
-Nos
últimos anos vejo dia a pós dia a sua tentativa sem sucesso de evolução,
milhares desta raça sendo sacrificados pelo seu capricho, e nada tenho feito,
conversei com os 21, todos concordaram com a minha opinião. Este projeto acaba
aqui, esta raça não será sacrificada e assumira um novo projeto.
-Como
assim, quer agora que eu pare, mas eles estão indo tão bem?
-A
que custo Jedna? Quantos mais quer que morram em suas mãos, isto deixou de ser
um projeto, uma tentativa de inclusão, virou um massacre.
-Não
é verdade, eles estão indo bem, sei que perdi alguns, mas todos são cientes dos
riscos e ninguém me pediu pra parar.
-Estou
mandando parar, imediatamente, eles estão sendo informados neste momento sobre
o regresso ao seu mundo original, e você nada pode fazer.
-Não
é justo, dediquei anos a isso, nós dedicamos, eu não vou falhar.
-Entenda...
Você já falhou.
-Não
eu não falhei! – Disse aos gritos ao meu mestre. -Você e os 21 estão enganados,
e muito, pra mim isto não é um projeto, uma experiência, este povo confia em
mim, são plenamente cientes de tudo que faço e de nossos esforços, não
abandonei meu planeta, minhas tradições, minha família pra vocês simplesmente
acabarem com tudo por medo, por que são velhos e descrentes que possamos fazer
diferença com a nossa tecnologia, que desenvolvemos aqui.
-Basta
Jadna, isto está passando dos limites, não ouse me desafiar, ou vai
imediatamente para isolamento, passará 70 mil anos aguardando no exílio, e
perderá seu conhecimento.
-Não,
chega, estou cansada de vocês e destas regras, eu lutei muito, abdiquei de
muito e estou disposta a morrer, a ir ao isolamento se necessário, você me
ensinou a lutar pelo que acho certo e defender minhas ideias, por isso também
me confiou este projeto por saber que só eu e minha equipe seriamos capazes de
realiza-la.
-Eu
me enganei!
-Não,
de forma alguma, você só deixou de acreditar, números não são a única coisa
neste mundo, a matéria aqui é diferente e existem formas de trabalha-la, eu já
mostrei isto a vocês todos, várias vezes.
-Você
será punida por isso!
-Me
puni então, me exile, mas me prove que estou errada antes.
-Você
já perguntou a eles se estão sofrendo com este massacre, que estão sentindo,
você está pondo em risco toda uma espécie por birra!
Malinton
se aproxima de meu mestre.
-Se
me permite senhor, sim, a resposta é sim. Ela se perguntou e também nos
perguntou, inúmeras vezes, sofremos não vou mentir muito na verdade, mas se o
senhor pode observar, nosso sofrimento é diferente dos seus, não sofremos por
que morremos, ou voltamos, enfim não sabemos o que acontece realmente, mas,
sofremos ao vê-la, desesperada todo os dias em tentar, as vezes sem sucesso,
sofremos em vê-la, nos olhos dela, a dor que sente quando vamos embora, não
sofremos por nossos irmãos, acredito que eles vão nos encontrar novamente, um
dia, distante, mas um dia. Estamos aqui por que ela nos fez acreditar que valia
a pena, e sinceramente senhor, o seu julgamento é errado e repugnante.
-O
que? – Disse meu mestre surpreso. -Repugnante? Seu povo está morrendo!
-Não,
estamos certos que não é o fim, mas a oportunidade de recomeço. Ela é o motivo
de nos esforçarmos tanto, a luta dela deveria lhe inspirar também, você perdeu
a fé com erros repetitivos, ela aumentou a dela, porque acha sempre que está
perto da resposta, e sempre está. O senhor está errado e deveria ter vergonha
de desistir da sua própria criação, física e tecnológica. O senhor já viu a
equipe dela? Incansáveis é a única maneira de descreve-los, eles não param
nunca, não descansam, e sei que logo vão conseguir, é questão de tempo.
Meu
mestre olha para nós boquiaberto, bravo e espantado.
-E
sua equipe, se falharem, todos serão exilados. – Diz friamente olhando pra mim.
-Eu
digo por todos, não vamos desistir e nada do que nos disser irá nos desmotivar.
-E
não vão mesmo. – Diz uma voz feminina de fundo.
Olho
para identificar se conheço, uma mulher se aproxima, mais velha aparentemente
que o próprio mestre.
-Suitan,
o que veio fazer aqui, precisa descansar.
-Não
preciso, na verdade começo minha missão agora. –Diz ela sorridente.
-Como
assim Suitan, o que está me dizendo. – Indaga o mestre.
-Eu
ficarei responsável de agora em diante por Jadna e seu trabalho, eternamente.
Ficarei ao lado dela auxiliando, observando e lhe garanto, se eu perceber que
não tem mais como levar isto à frente, eu encerro por definitivo. Certo?
-Mas
senhora, sabe que se fizer isto sairá de seu alto cargo...
-Não
vim a este planeta para reinar, vim para evoluir, devia ter mais confiança em
sua criação. Está decido, não estou lhe questionando minha opinião.
O
mestre olha para baixo, faz um sinal de sim com a cabeça. Suitan me olha, sorri
docemente, aquele sorriso me enche de esperanças, e Malinton eu e ela voltamos.
Assim como volto para o agora, de volta a cidade de Malinton e os seus.
-Nossa
Malinton, eu os enfrentei?
-Sim,
bravamente, entende por que admiramos tanto a sua existência? Você não desistiu
de nós, um povo inteiro desistiu, mas você não. Por isso pra nós é um grande
professor, um Mestre.
-Queria
ter aquela força.
-Minha
querida você tem, só não a usa sem necessidade.
-Sim,
o que aconteceu no meu retorno?
-Esta
é talvez a parte mais dolorosa a lhe contar.
-Por
quê?
-Ao
voltar expos a situação aos lemurianos, mas ao meu povo apenas disse que era um
engano do conselho e que estava tudo resolvido, pra que não nos preocupássemos
isso sem saber que nossa comunicação é direta, o que um vê, todos veem.
-Hum,
isto não sabia mesmo, mas o que foi tão doloroso?
-Sua
equipe, ao contar o que aconteceu. Os 50 viraram 47, 3 de seus projetores não
concordaram com sua posição e se viraram contra a senhora. Sofreu muita com a
perda, mesmo sabendo que eles estariam bem, passando a trabalhar em outra
equipe, sentiu-se fracassada com aqueles 3.
-Estranho,
estou sentindo isto agora.
-Não
sinta, nem sempre pode evitar que tomem o lado oposto ao seu. E também eles decidiram
por que assim como seu mestre, não tinham fé.
-Então
somos 47 ou os substituí?
-Imagina,
a senhora não permitiria jamais que seus lugares fossem ocupados, como dizia...
sim, “a postos na vida que jamais serão substituídos, como mãe e pai, você no
fim, só pode ter um de cada”. Assim seguiu em frente e logo conseguiram um
grande sucesso.
-Sério
qual?
Descobriu
que com um aparelho poderia identificar o momento exato que fossemos como você
mesma falava, destituídos do corpo. Este aparelho é posto na nossa centelha,
neste lugar que os humanos chama de coração, e que só conseguem ver uma luz.
Este aparelho identificava segundos antes pela intensidade energética que
descarregávamos quando destituiríamos, assim armavam uma rede eletromagnética e
fazia um hiperbárica, toda nossa energia ficava presa na hiperbárica e não
sumíamos, como de costume. Depois ao passar de uns séculos, vocês descobriram
como reverter o processo, infelizmente com isto perdíamos uns dos corpos
astrais que vocês criaram para a adaptação nos corpos terrestres, e acabamos
perdendo memórias que tínhamos antes de vir para cá, demorou um bom tempo para
que conseguíssemos reestrutura-los e passarmos as lembranças novamente para
seus sistemas, mas com a ajuda de todos conseguimos, á alguns que continuam em
processo de desentubação das hiperbáricas. Mas é processo demorado, e com a sua
tecnologia, logo traremos todos.
-Nossa
quanta informação, mas me orgulho profundamente desta evolução.
-Eu
sei, assim que conseguiu, praticamente esfregou na cara do conselho seu
sucesso.
-Típico,
eu sempre fui meio convencida. –Dou uma risada. –Mas e aquela mulher? A Suitan,
oque aconteceu com ela?
-Você
não sabe?
-Não,
não faço a mínima ideia?
-Estranho
você a olha todos os dias, a chama de Raio de Sol.
-Eu
só chamo a minha filha assim... Não espera um momento está me dizendo...
-Sim,
ela é um espírito ancestral, chegou antes de você aqui, muito evoluída, sempre
que reencarna ela nasce, ora como filha, ora como mãe ou irmã, mas sempre a
acompanha, observa e auxilia, muito. Por isto a tua ligação e sintonia com ela
é diferente do que você vê com outras mães e filhas.
-Não
sei agora se fico assustada ou orgulhosa?
-Sinta-se
orgulhosa, sua força lhe deu tantas coisas, inclusive uma melhor amiga, eterna.
Acordo
e respiro fundo, olho para minha filha e a abraço, tão pequena e ao mesmo tempo
tão grande, eu sempre soube que ela era muito mais velha espiritualmente e mais
evoluída, mas, saber da verdade foi chocante, eu que já a admirava agora a
idolatro, pelo risco que foi a situação imposta e pela coragem que teve para
proteger o que eu e minha equipe acreditávamos. Aquele dia sorri muito, foi
gratificante saber que eu havia lutado com tanta bravura e fé, só me perguntava
uma coisa, por que hoje eu tinha tão pouca força e talvez até fé?