“Oi pai, como você já sabe meu nome é Elena, hoje completo 16 anos,
e meu presente foi saber de sua existência, esperei anos pra mamãe me contar
sobre você, ela sempre disse que quando eu tivesse idade pra entender ela me contaria.
Bom, hoje de manhã ela disse que achava que essa idade tinha chegado, que talvez
fosse a hora, mas que tinha que prometer não odia-la, como odia-la? Apesar da
nossa vida agitada, ela é juíza não sei se vocês conversam... Apesar de sempre
nos mudarmos a cada ano, ela faz tudo que pode pra mim não sentir a sua falta
principalmente, é o que chamamos de Pãe, ela não sabe, mas me orgulho muito
dela, do que ela faz, do que ela já fez, de como comanda as nossas vidas, sei
que é difícil, e você também não precisa contar essas coisas pra ela ok?
Ela disse que foi fazer o pós dela no Rio e que te conheceu
aí, que quando voltou descobriu que tava grávida, vocês tinham decidido
terminar porque você tinha conseguido um intercambio nos Estados Unidos, e ia
ficar difícil o namoro, ela disse que quando soube quis falar com você, mas... Ficou
pensando, era a sua chance aquele intercambio, ela o amava e sabia que a minha existência
iria complicar tudo, continuou a trocar correspondência com você mas nunca
comentou nada sobre a gravidez. Ate que em uma carta você disse que havia recebido
uma oferta de um escritório em Nova York e que estava prestes a aceitar, foi
onde ela viu que demoraria anos a voltar. Então decidiu se calar para sempre.
Sei que você mandou várias cartas, mas ela não respondeu, vi todas elas,
algumas ela não abriu, mas eu abri. Você parecia ama-la de verdade. A Mãe disse
que quando eu tinha 2 anos e pouquinho você voltou ao Brasil, veio direto pra
casa dela, quando chegou aqui ela estava com o Julio aqui em casa, meu
padrinho, você achou que eles eram namorados e foi embora furioso. Ela preferiu
que a história ficasse assim. Depois quando estava com 5 anos fomos a Santa
Catarina, visitar o dindo Julio, e casualmente você nos viu, junto também
estava a minha dinda, Bruna. Foi onde você ficou confuso. Resolveu falar com a
mãe, ela disse pra não procura-la mais e que se afastasse e não sei como você
de alguma maneira percebeu que eu era sua filha quando me viu. A Mãe disse que
você chorou muito e perguntou por que nunca havia dito nada, ela explicou e
você não a compreendeu. Disse que se fosse á um ano antes ainda poderia
concertar as coisas, mas que naquele momento estava tudo perdido. A mãe não
entendeu até a manha seguinte, quando o dindo lhe mostrou o jornal de uns dias antes
anunciando seu casamento. Depois a mãe disse que nunca mais o viu. Ela me disse
que tem o seu endereço e sempre que se muda informa e você manda a anos cheques
para auxiliar na minha criação, a mãe abriu uma conta para mim, quando eu
precisar o dinheiro está lá, ela disse que já posso usar se eu quiser que seja
responsável.
Estou te escrevendo esta carta porque sempre quis te
conhecer, e quero saber a sua versão da história, quero saber como você é, como
você age, se tenho irmãos, mas também entenderei se não quiser contato, estou
mandando junto meu e-mail, fica mais fácil pra conversarmos e meu perfil no
facebook caso queira me adicionar. Só me responda, por favor, mesmo que seja
pra dizer que não quer que eu o procure.
Da sua filha, Elena”
-Mãe?
-Elena, está brava comigo filha?
-Não mãe, como poderia, você é minha mãe e entendi tudo que
aconteceu, seu lado e o dele.
-Então acho que fiz um bom trabalho.
-Mãe eu... Escrevi uma carta, para o meu pai, você poderia
enviar para ele?
Ana fica alguns momentos em silencio.
-Claro minha filha, se é o que deseja, mas, você sabe que
talvez...
-Eu sei... Mas quero tentar. Você quer ler?
-Só se você ler para mim.
Ana se ajeita no sofá enquanto Elena Le a carta, ela se
admira ao perceber a doçura de sua filha e principalmente o quão forte e pode
ser a mesmo tempo.
-Linda a carta, talvez devesse enviar uma foto sua junto?
-Legal, mas qual?
-Aquela que você esta no sítio do vovô, teu sorriso esta
maravilhoso.
Elena tira a foto do porta retrato põem no envelope e
entrega a sua mãe.
-Eu te amo mãe.
-Também te amo filha, não se esquece disso.
As duas adormecem abraçadas no sofá.
Na manha seguinte depois que Elena sai para a escola Ana
pega o celular.
-Alô?
-Escute bem, minha filha vai te enviar uma carta, você vai
ler e responde-la, se for cruel, eu juro que acabo com você.
-Oi Ana, também estou com saudades.
-Não estou brincando.
-Também não, fico feliz, há anos quero me aproximar dela, você
que nunca permitiu.
-Tenho meus motivos você sabe.
-Sei, eu aguardarei... – Vitor desliga.
Nenhum comentário:
Postar um comentário