quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Elena - Capiltulo IX

 Ana olha o relógio, 2 e 15 da madrugada, um relâmpago a assusta, ela sempre odiou relâmpagos, se levanta, vai ao banheiro, liga a luz, se olha no espelho,lava o rosto e a nuca. Volta pra cama, outro relâmpago, vai a janela, fecha o vidro, antes percebe que a luz da sala no andar de baixo esta ligada. Pé por pé desce as escadas e percebe que Vitor esta na varanda da cozinha, sentado no chão, fumando, tomando o cafe que ela preparou pra ele, ela se senta nas escadas, fica o olhando, pensando, ele nao mudou nada nos últimos anos, na verdade, esta mais bonito, mais forte, parece mais maduro, calmo, antigamente era impulsivo e um tanto explosivo. Agora fala com ar doce, conquistador, como se sempre soubesse o que esta fazendo, irresistivel, talves ele se tornara o que ela desejava, as coisas que ela tanto reclamou no passado foi justamente o que ele veio melhorando estes anos todos, mas sera que as coisas que ele tinha que mais a agradavam permaneciam? A simplicidade, o dinamismo, a falta de vergonha na hora de falar o que pensava, a persistência, a coragem, tudo que ela não era.
Talvez ela também amasse aqueles defeitos tanto quanto as qualidades, o conjunto todo era perfeito, e ela sentia muita saudade, sentia falta do toque dele, falta de ser amada, da liberdade que sentia em seus braços e que só com ele sentiu, com ninguém mais. Ana se levanta, descalça, esta vestida com uma camiseta branca, cabelos um pouco escabelada, ainda não tirou a maquiagem, mesmo assim não esta borrada.
-Sera que ainda tem cafe, ou você já tomou tudo?
Vitor se assusta, olha pra trás, ele somente com um jeans e também descalço, acompanhado de sua carteira de cigarro e isqueiro, cabelos desarrumados. Se levanta quando a vê. O olhar de desejo entre os dois e inevitável.
-Talvez você tenha que fazer um pouco mais, sem sono, ou os relâmpagos?
Ana sorri.
-Tu no esqueceu?
-Sempre lembro de você quando chove.
-Vou passar mais cafe.
Ela poem mais cafe pra passar, enquanto prepara, Vitor se senta novamente, fica admirando sua amada, ela serve o cafe em duas xícaras, as duas sem açúcar, como ambos gostam.
-Sem açúcar.
-Você também não esqueceu.
-Fica difícil quando e o mesmo gosto que o meu.
Vitor pega um cigarro.
-Por um acaso você se importa?
-Não, mas me de um também.
-Ainda fuma?
-Velhos abitos agente nunca perde.
-Você continua linda, todos esses anos, como o vinho, só te fizeram bem.
-Você continua um galentiador, só que mais velho.
Os dois dão risada, Vitor passa a mão sobre os cabelos de Ana, eles se olham longamente.
-Sabe Ana, quando eu soube que você estava aqui, sozinha, depois de todos estes anos, a única coisa que eu quis foi vir pra cá e tê-la nos meus braços novamente. Mas tive medo que você não me amasse mais.
-E foi por isso que você voltou?
-Também, foi por você e pela Elena. Vocês duas guardam uma parte minha do passado que não existe mais, quando olho pra vocês lembro que eu já fui feliz, eu penso em ser de novo, como se eu conseguisse ao lado de vocês ser eu mesmo, como se minha mascara caísse e fosse o Vitor de verdade, vocês trazem o melhor de mim vir a tona, principalmente a Elena, ela me faz querer ser melhor. E você, você mas faz querer ser feliz. Por isso pedi pra me transferir pra cá.
-Não sabia que tinha pedido transferência, achei que tivesse sido uma transferência do acaso.
-Não Ana, não foi o acaso, foi o amor que guardo pelas duas que me trouxe ate aqui.
-E seus filhos, eles estão no Rio, e você esta aqui, estão acostumados com você perto.
-Na verdade, quase não vejo meus filhos, por causa do meu trabalho, o bom de ter me separado e que agora tenho tempo pra eles, a cada quinze dias passo o fim de semana inteiro com eles e e maravilhoso. Aproveito de verdade. Estando aqui vou pra la a cada 15 dias passo o fim de semana e volto, ja combinei com minha ex, ela e eu acordamos sobre isso.
-Que bom.
-De certa forma as coisas se encaminharam pra que tudo desse certo e eu pudesse vir pra cá no momento certo, ate o apartamento que aluguei atrasou, e vim logo pra sua casa, pra você ver como o destino tem suas surpresas, talvez ele queira que fiquemos juntos.
-Você acha mesmo que e isso que vai acontecer no final, que iremos ficar juntos, esquecer tudo que aconteceu?
-Talvez, não esqueçamos, mas tem maneiras bem razoáveis de superar, compreender...
-Hum... me diga como seria possivel?
-Eu te amo Ana, sempre te amei, sempre vou te amar, não existe magoas nem ressentimentos, só lembranças boas ou ruins, mas lembranças, cultivo as boas, deixo de lado as ruins...
-Maneira interessante de superar...
-O que me impede de te beijar agora?
-Na verdade nada, mas você poderia correr riscos.
-Quais seriam?
-Você não vai poder voltar atrás depois nesta decisão.
Vitor a beija intensamente. Ana se entrega sem exitar, ela sabe que talvez seja a única chance de ser feliz. Ele a levanta, a pega no colo, leva para o quarto, e entre os relâmpagos e a chuva da madrugada, depois de 16 anos, eles tem sua tão esperada noite de amor.

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