sábado, 8 de setembro de 2012

Elena - Capítulo V


“Oi, desculpe a demora em responder, mas estava em semana de provas e mais a festa da Amanda, por sinal é hoje, fui à loja, a mãe não gostou muito da ideia de eu ir lá e você pagar o vestido mais daí fiz uma cara de cão sem dono e ela liberou, to te mandando a foto em anexo, comprei os sapatos e a bolsa também, a moça queria que eu levasse mais metade da loja, mas eu disse que eu tinha mais roupa em casa que ela não se preocupasse, mas não se preocupe que fui educada. Falei com a mãe sobre nos conhecermos, ela disse que vai pensar, isso quer dizer que daqui um mês ela me responde...
Ela me perguntou de você, quis saber como você estava, disse a ela que estava se separando, não sei te explicar, mas de alguma maneira, ela ficou feliz. Eu sei que é estranho o que to falando, também sei que não tenho que me meter, mas acho que a mãe tem algum sentimento guardado ainda, tá assim bem escondido até porque ela é durona. Mas tem.
Pena que você mora tão longe.
Eu sei que sempre te faço uma pergunta, mas, se você tivesse uma chance com ela, tentaria?
Porque eu tenho 16 anos, tenho lembranças tipo, desde os 6 acho, e nunca vi a mãe namorar, nem ouvi falar sobre isso, acho que ela tá todo este tempo sozinha, fiquei pensando se é por sua causa, na verdade eu sempre pensei que ela não tinha casado de novo por que ela ainda te amava, mas depois tirei isso da cabeça, mas, com o que aconteceu no dia que ela me perguntou de você, voltei a pensar na hipótese. Também não quero criar falsas esperanças, mas eu quero que vocês sejam felizes, e sei que a minha mãe está a muitos anos infeliz neste aspecto. Talvez você possa me ajudar nisso, seria um ótimo presente pelos últimos 15 anos.
                                                                       Da sua filha, Elena”

-Não é possível...
Vitor se levanta da frente do computador, põem as mãos na cabeça, caminha de um lado ao outro, pensa, o que ele pode fazer, será que realmente existe uma esperança?  Se existir ele sabe que vale apena lutar, por que ela sempre valeu apena, mas como?
Ele pega o celular, faz uma ligação. Sai correndo e vai à promotoria.
Chega lá e pede para falar com seu superior.
-Sim senhor Vitor?
-Podemos falar Carlos, é importante?
-Vejo que é mesmo, parece nervoso, o que houve? Sente-se.
-Preciso de uma transferência.
-Transferência? Como assim pra onde?
-Porto Alegre.
-Porto Alegre, mas a troco, por que pra lá?
-Você tem tempo?
-Estou saindo pro almoço, tenho 1 hora.
-Acho que vai ser o suficiente.
Na volta do almoço
-É isso Carlos, Preciso conhecer minha filha, resgatar o amor dela, e se Deus me permitir o da mãe dela.
-Nossa que história, daria um belo livro.
-Eu sei, mas é bem real.
-Olha Vitor, você é meu melhor promotor, o que mais trabalha aqui, nos últimos anos eu precisei de você e não me faltou, além disso fora daqui é um grande amigo. Me dê duas semanas. Logo estará em Porto Alegre, eu lhe prometo, tenho meus contatos.
-Obrigado Carlos, sabia que eu poderia contar com você.
-Sempre que precisar.
Vitor volta pra casa, aliviado sabe que agora poderá arrumar uma maneira de rever Ana e conhecer sua filha Elena, talvez possa ser feliz, e isso faz com que ele finalmente queira ter motivos para lutar.
Enquanto isso em Porto Alegre, Ana e Elena discutem.
-Mas mãe porque você não me dá uma resposta definitiva?- grita Elena
-Não grita comigo Elena, sou sua mãe e me deve respeito!
-Grito sim por que você está me desrespeitando.
-Não estou te desrespeitando, mas isso é absurdo!
-Absurdo por quê?
-Porque sim!
-Porque sim não é resposta!
Julio e Bruna, dindos de Elena entram em casa, Julio grita.
-Chega! Dá pra ouvir essa gritaria da esquina, o que está acontecendo?
-Dindo a mãe não quer que eu conheça meu pai!
-Não foi isso que eu disse.- Dispara Ana
-Elena, vá para seu quarto, acalmasse e conversamos mais tarde.
-Mas dindo, olha só...
-Não, não quero ouvir, suba e me obedeça.
-Tá, eu vou subir.
-Eu vou subir com você, querida. – diz Bruna
As duas sobem, Ana se senta, limpa o rosto com as mãos. Julio a olha.
-O que diabos pensa que está fazendo?
-Protegendo minha filha?
-Tem certeza? Será que não está protegendo a si mesma?
-Não me venha com lição de moral, eu não to com disposição.
-Mas eu sim e você vai ouvir, faz tempo que to te observando, desde que esta história começou que você está estranha, o que está acontecendo?
-Não quero que ela se machuque só isso, você não é PAI não me entende!
-Obrigado por me lembrar...
-Não, desculpe, Julio volte aqui...
Julio sobe, Ana fica sozinha na cozinha, chora. Em seguida Bruna desce.
-Cumadre, você está fazendo tudo errado.
-Eu sei...
Bruna abraça Ana.
-Nos somos amigos desde a o cursinho, queremos ajudá-la. Mas você tem que se permitir. E a Elena, ela tem esse direito, só que você não pode priva-la porque você está com medo.
-Eu sei.
Então me prometa que vai dar esta oportunidade pra pequena, ela não tem nada com a história de vocês dois, ela é o fruto do amor de vocês, e esse amor anda vive, ai dentro. Só que se você não quer deixar sair não pode penaliza-la por isso.
-Eu sei.
As duas ficam um tempo abraçadas na cozinha, Ana chora muito. Depois sobe pra conversar com Elena. Quando chega a filha está quase adormecendo.
-Elena, está dormindo?
-Ainda não...
-Você pode conhecer seu pai, mas se por algum motivo ele a magoar, você sabe que vou bater de frente com ele não sabe?
-Sei, mas sei também que ele não vai me magoar.
-Só não quero que você se magoe...
-Eu sei mãe...
-Eu te amo minha filha, agora volte a dormir, boa noite.
-Eu também te amo mãe, boa noite.
Ana sai do quarto, Julio esta sentado nas escadas, com duas taças de vinho.
-Você foi muito dura hoje.
-Desculpe.
-Eu te perdoo, sei que não foi intencional, eu entendi o que você quis me dizer, venha cá, sente-se ao meu lado.
Ela senta-se na escada, ele passa o braço em volta de seu ombro.
-Você tem que ser menos durona, relaxa um pouco.
-Como você?
-É, como eu... – Os dois dão algumas risadas.
-Você o ama ainda Ana?
-Eu não sei ao certo?
-Se ele voltasse agora e falasse que quer ficar com você o que você faria?
-Isso não vai acontecer...
-O meu Deus Ana, viaja comigo...
Ana ri.
-Acho que eu ficaria fortemente tentada. Vocês me apoiariam?
-Se você fosse feliz. Nós só queremos que você seja feliz...

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