quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Elena - Capítulo VI

"Oi filha, agora foi eu que demorei a escrever, desculpe, mas a ultima semana foi corrida, estou meio cheio de tarefas de adulto, sabe como é? Mas estou fazendo tudo correndo pois tenho que adiantar trabalho, em breve terei que fazer umas mudanças e preciso deixar tudo pronto.
Assinei meu divórcio hoje, oficialmente estou solteiro na lei dos homens, achei que ia ser mais difícil, mas sabe que até que não foi?
Minha ex, bom, acho que pôs a mão na cabeça e viu que eu só quero o melhor pra ela e pras crianças, eu gostei muito dela e que não quero deixa-la de maneira alguma desamparada e vou estar sempre a disposição. Sabe, tinha que ver, na hora do divórcio parecíamos velhos amigos fechando uma sociedade, foi bom, saudável. Depois fomos almoçar com as crianças, eles não entendem ainda o que está acontecendo, mas com o tempo... Disse pra ela que algumas coisas mudariam que eu estava correndo atrás da minha felicidade, ela me desejou boa sorte, disse que torcia por mim, fiquei emocionado, não estava esperando, a seis meses atrás estávamos brigando tanto que quando nos víamos era só gritaria, agora, nos desejamos sorte e torcemos pela felicidade um do outro, isso é bom, era assim que eu imaginava poder terminar um relacionamento que durante tantos anos me trouxe tantas alegrias.
Mas bem, trocando de assunto, falei semana passada com a Glória, minha amiga da loja, ela me contou muito querida que a senhorita é muito linda, meiga e cheia de atitude, fiquei orgulhoso dos elogios, disse que você olhou a loja inteira com muito cuidado e escolheu uma peça que combinasse com o colar que te dei, que até chegou a olhar outros vestidos, mas não combinavam com o colar e deixou eles de lado, e no fim o vestido que escolheu lhe caiu como uma luva e ficou lindo, pela foto que você me mandou ficou mesmo, espero que tenha gostado e se divertido na festa de sua amiga.
Sobre a sua mãe, pensei muito sobre o que você escreveu pra mim no ultimo e-mail, só posso lhe responder de uma única forma minha filha: Papai está se mudando para Porto alegre, chego dia 24 no voo das 17:30.
                                                                    Do seu pai, Vitor”
-Meu Deus, tu leu a ultima parte Elena?
-Li Amanda...
-E?
-Eu não sei o que dizer...
Elena sai da frente do computador e se senta na cama, em choque, fica pensando se conta pra sua mãe ou se não fala nada, se vai busca-lo na chegada...
-Que dia é hoje mesmo? – Pergunta Elena
-Dia 22 Elena. Você vai falar pra sua mãe?
-Eu não sei. Acho que vou falar com meu dindo, ele vai poder me ajudar nisso.
-Também acho.
Elena se despede de Amanda e vai pra casa, chegando vê sua mãe na varanda conversando com Julio.
-E ai princesa, isso são horas de chegar em casa?
-É que eu fui na Amanda depois do vôlei..
-Aham, se, Será que Amanda é o nome do seu novo namoradinho?
-Ai dindo não começa, já disse que eu não to namorando!
-Ta bom.
-Dindo agente pode conversar, só nos dois?
-Claro.
-Hum, cheios de segredos então? – Diz Ana.
-Coisas de adolescente, você não entende por que já nasceu velha. – Diz Julio.
-Realmente, você é uma eterna criança. – Diz Ana
-Adolescente! - Diz Julio
-Da no mesmo.
-Vamos dindo. – Diz Elena Irritada com as piadinhas da mãe.
Elena puxa Julio pelo braço e sobe as escadas correndo, liga o computador, loga-se no e-mail, vira a tela em direção a Julio e pede pra ele ler.
-Hiiiii! Ai meu Deus!
-O que você acha?
-Me deixa ler todos os e-mails?
Elena põe toda a conversa dos e-mails para Julio, ele lê atentamente, suspira.
-Tua mãe já leu isso Elena?
-Claro que não né, tá loco? Ela morria!
-Dois dias... Acho que de repente ela deveria ler. O que tu acha?
-Ai dindo não sei, a mãe já tá surtando, imagina se ela lê estes e-mails...
-Tu sabe por que ela tá surtando?
-Sei, quer dizer eu acho que sei...
-Ela descobriu que gosta do teu pai e acha que não vai ser correspondida.
-Há fala sério!
-To falando sério, mesmo, faz muito tempo e sua mãe é durona e acha que ele a esqueceu.
-Bom, durona ela é mesmo... O que será que acontece se a gente mostrar isso pra ela?
-Só tem um jeito de descobrir, pequena.
Julio liga a impressora, põem folhas brancas, imprime os e-mails, grampeia e vai em direção à porta.
-Peraí, tu vai mostrar agora dindo?!
-O Vitor vai chegar em dois dias, tu quer esperar quanto tempo mais pra mostrar os e-mails?
-Bom neste caso, eu vou dar uma banda, não quero ta perto quando ela quebrar a casa inteira.
Julio da uma gargalhada.
-Tá bom, vai levar o Tequila pra passear assim ela não desconfia.
Elena desce correndo, põem a coleira no cachorro e sai o mais rápido o possível. Ana olha Elena.
-Eu tenho que brigar todos os dias pra essa guria sair com o Tequila, o que deu nela pra ela ir tão cedo passear com o cachorro? To vendo que minha carteira vai arcar com esta boa vontade. Quer um café? Acabei de passar. O que é isso?
-Quero. Pra você, gostaria que desse uma olhada, por favor.
-Mas o que é?
-Leia.
Ana pega seu café, sentasse na sala e começa a ler, enquanto Julio a observa, aos poucos sua expressão muda de surpresa pra raiva, de raiva pra tristeza de tristeza pra desespero e novamente para surpresa, enquanto as lágrimas cobrem o seu rosto.
-Isso só pode ser brincadeira.
-Não, não é brincadeira é a mais pura verdade.
Julio se senta ao lado de Ana.
-Tu acha que eu poderia me permitir?
-Deus por que tu deixa o mais difícil pra mim? – Diz Julio olhando pra cima e com a s mão na cabeça. – Claro Aninha, tu quer ler de novo, assim quem sabe tu entende?
-Não é tão simples.
-Não? Como não é, mas é claro que é, quer que eu faça um desenho?
-Você acha que eu vou fazer o que? Vou sair que nem uma louca pro shopping, comprar roupas, sapatos, ir ao salão de beleza, fala sério Julio, não faz meu tipo.
-Por que não? O que tem errado em ser feliz, tu tá à 16 anos sozinha se escondendo atrás destas tuas roupas de lésbica.
-Não me visto que nem lésbica!
Julio olha com expressão séria para Ana.
-Talvez um pouquinho... Mas minha profissão me exige certa seriedade.
Julio continua a olhar sério para Ana.
-Ai Julio...
-Não Ana desculpa, mas, olha pra ti, tu é linda, se eu não fosse casado e apaixonado pela minha mulher á 20 anos com certeza te chamava pra sair, mas claro que não com essas roupas de lésbica.
Ana ri.
-É né, talvez seja verdade.
-Olha se quiser eu peço pra Bruna ir com você no shopping, que você acha?
-A Bruna é muito perua, vou parecer uma arvore de natal.
-Tu tá é com medo de gostar isso sim, amanhã quando tu sair do trabalho eu passo lá e te pego pra levar as duas no shopping. Eu e a Elena vamos fazer umas comprinhas também, mas pra ela que ela já me reclamou que o roller dela ta pequeno, e também eu gosto de mimá-la.
-Obrigado.
-Não agradece a mim, mas a tua filha, a responsável por isso tudo é ela caso tu não tenha percebido.
-É, minha filha só me dá orgulho.
-Que nem a mãe dela...

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