terça-feira, 18 de setembro de 2012

Elena - Capitulo VIII

-Bom Julio, obrigado por ter vindo com a Elena me buscar.
-Capaz cara, sem problemas.
-A uns anos atrás eu te julguei mal.
-Andei sabendo, mas não te preocupa, são coisas da vida, e a vida sabe o que faz, não é mesmo?
-Deve saber, deve saber.
-Então, o que tu ta afim de comer?
-Olha pra te ser bem sincero, faz um tempo que não como um bom e velho churrasco gaúcho, será que seria muito eu querer pedir? Qualquer coisa vamos numa churrascaria, fica mais fácil e não faz tanta bagunça.
-Mas bem capaz, tu ta falando com o melhor assador do Rio Grande do Sul. Hoje tu vai comer a melhor picanha, maminha e salsichão da tua vida, gosta de chimarrão?
-Gosto.
-Então ta feito, Elena avisa tua mão que vamos passar no mercado e comprar as coisas, elas vão fazendo um chimarrão que logo estamos chegando na casa dela.
-Dindo, tu faz coração?
-Faço pequena, o que eu não faço pra ti?
Elena liga pra mãe.
-Churrasco? Como assim? Já tão chegando no mercado? Ai meu deus...
-Que foi Ana? -Indaga Bianca.
-Era só o que me faltava, isso literalmente virou uma janta de família, ou melhor de compadre, com direito a churrasco e chimarrão!
Bianca começa a rir.
-Não tem graça Bi.
-Ana, que bom, logo ele vai ter que se acostumar com a família mesmo...
-Ai não começa.
-Tu que não começa, o bom que eles vão demorar uns 20 minutinhos, tempo de você trocar de roupa.
-De novo? Pra que?
-Ele já te viu com essa né?
-E dai?
-Ai meu deus? Vou ter que te explicar tudo?
Ana e Bianca chegam a casa de Ana, Ana esta nervosa, tensa, ansiosa, não sabe como agir, não esperava se ver naquela situação, Bianca a faz trocar de roupa, mas pelo menos ela põem uma roupa mais confortável, uma calça jeans e uma regata, mas com decote, o que faz ela fazer uma cara feia pra Bianca, não que Bianca se abata. Bianca procura em suas coisas um colar mais pesado pra colar em Ana e uma pulseira.
Ana reclama e Bianca a manda calar a boca. Refaz a maquiagem, prende seu cabelo numa trança levemente solta. A vira para o espelho.
-Viu como você esta linda?
-Ate que não é de todo mal.
-Nossa, quanta emoção em tuas palavras, mais vida ai por favor Ana, acho que eles tão chegando, e a água deve ta fervendo vamos descer.
Eles descem, Ana começa a preparar o chimarrão enquanto Bianca ajuda com as compras.
-Pai vamos colocar suas malas no meu quarto. - Sobe Elena correndo.
Ana se apavora. Ela corre pra escada.
-Filha, como assim.
-Eu disse que era melhor conversar com sua mãe Elena. - Diz Vitor
-Mãe, o apartamento novo do pai só vai ser entregue na segunda então disse que ele poderia ficar aqui no findi. - Diz Elena entusiasmada.
-Sim Elena não e uma ótima ideia, não seria delicado que ele ficasse num hotel. -Diz Julio sorrindo.
-Apartamento, mas achei que fosse ficar num hotel?
-Eu vou morar em Porto Alegre, por um tempo, fui transferido. - Diz Vitor.
-Que bom... - Diz Ana.
-Legal né mãe vou subir, por as malas no meu quarto, depois arrumo o quarto de hospedes, prometo. - Elena sobe gritando.
-Ta bom filha, eu acho.
-Ana, se for muito transtorno, eu vou para um hotel.
-De maneira alguma, esta casa esta a sua disposição fique a vontade. -Dispara Bianca puxando-o para o sofá. -Quer um chimarrão? Ta quente.
Ana fica parada na frente da escada sem esboçar reação, Julio a puxa pelo braço sorrindo para Vitor enquanto a leva para a cozinha.
-Que foi Aninha?
-Vocês armaram tudo isso pelas minhas costas?
-Não, agente ta te ajudando.
-Não preciso da ajuda de vocês. Sei me virar sozinha. - Diz Ana sussurrando.
-Por isso ta sozinha nos últimos 16 anos?
-Olha isso e problema meu, eu não quero ajuda.
-Quer sim, só não quer admitir, agora corta as batatas e faz a melhor maionese da tua vida. Eu irei fazer o churrasco.
-Como você pode?
-Ana, eu te amo, mas se continuar com esta frescura, eu pego esta faca e ponho a tua picanha na churrasqueira.
Ana ri, eles se abraçam.
-Isso vai dar certo?
-Não sei, se tu parar e começar a tentar ao invés de brigar com o destino... talvez.
-Eu me sinto com 16 anos fazendo isto.
-Tua filha tem mais maturidade que tu Ana talvez tu tenha 12.
-Seu chato.
-Murrinha.
Ana prepara a maionese o arroz e a salada, enquanto Julio prepara o churrasco, Bianca faz uma caipinha, todos bebem, se divertem, por volta das 11 horas depois de muito dar risada Elena adormece na rede da varanda, Julio a pega no colo para subi-la a seu quarto.
-Se não for pedir muito, eu esperei 16 anos pra fazer isto. - Diz Vitor.
-Claro.
Vitor a pega nos braços, Ana se emociona, mas disfarça, se levanta.
-Vou levá-lo ao quarto dela. Me segue.
Eles sobem as escadas, enquanto isso Bianca e Julio resolvem ir embora para deixar os dois a sós, antes Julio deixa um bilhete a Ana.
Ana abre a porta do quarto, tira a coberta da cama de Elena, Vitor a deita, ela se acomoda, ele se senta na beirada da cama e acaricia seus cabelos, Ana se senta na cadeira da escrivaninha.
-Ela e linda né Ana?
-Sim.
-Você fez um ótimo trabalho, ela e muito especial, tem muito de você, quase nada de mim.
-Não e verdade, ela é sonhadora, corajosa, ambiciosa. Sempre fui muito pé no chão, isso me privou de ir mais longe.
-Mesmo assim olhe onde chegou.
-Imagine então onde eu poderia ter ido?
-Pode ser... mas tudo tem um motivo.
-Vamos descer?
-Vamos.
Eles descem, não encontram ninguém, Ana vê o bilhete de Julio, sorri.
-Eles foram embora.
-Mas que coisa, Agora que eu ia contar aquela piada.
Ana ri, começa a juntar a louça.
-Eu te ajudo, como antigamente.
-Como antigamente... Quer um café?
-Quero, seu café ainda e como de antigamente?
-Olha, ainda é o favorito de final de festa.
-Por que não deu certo mesmo?
-Por que você foi embora.
-Mas eu nunca quis terminar.
-Não teria dado certo a distancia, você sabe disso.
-Eu nunca tive ninguém, durante 3 anos.
-Eu também não.
-Então.
-Já faz tanto tempo... por que mexer nesta historia.
-Porque ela não terminou, ela só foi roubada de nos, o destino nos tirou ela por uns anos, mas nos devolveu agora, eu me separei por que nunca te esqueci.
-E muito comodo você me dizer isto agora.
-Eu to dizendo a verdade, me separei por que fiquei 11 anos do meu casamento tentando transformar minha ex mulher em você, querendo que ela fosse exatamente como você, até o dia que ela descobriu que eu guardava todas as tuas cartas, foi quando ela entendeu e pediu o divorcio, nem pude culpá-la, foi quando eu entendi também.
-Quando vi que ia casar achei que tinha me esquecido.
-Me casei pra te esquecer, quando te vi com o Julio, Aquela vez no seu apartamento, não sabia que ele era padrinho da Elena, na hora eu entendi que ele era seu namorado, marido, algo assim. Entendi que você tinha me substituído.
-Não e tao fácil substituir um amor Vitor, você nem me deu chance de explicar.
-Eu sei.
-E depois em Santa Catarina quando eu disse, você foi frio, me tratou tao mal, não havia mais nada o que esperar entre nós, nunca esqueci suas palavras.
-Me desculpe, sei que fui cruel. Mas me senti traído também, na hora eu entendi tudo errado, depois você me disse pra não me aproximar de vocês, eu te respeitei, por que te amava. Era isso ou você se afastaria, pra sempre.
-Provavelmente.
-Agente tem uma chance agora, não tem?
-Eu não sei.
-Deixa eu tentar?
-E muito cedo pra saber, tem muitas magoas pra serem esquecidas, também agora, tempo nós temos.
-Não vou desistir de você desta vez Ana.
-Seu café esta pronto, boa noite.
Ana vai em direção as escadas.
-O quarto de hospedes e do lado do da Elena, vou deixá-lo arrumado pra você. Até amanhã.
-Até amanhã.
Vitor observa Ana subir, toma o café que Ana preparou para ele, olha no lixo o papel que Julio havia deixado, desamassa e lê.

“Não diga não ainda, e muito cedo pra saber, a historia só termina no fim, a sua historia a recém esta no meio cara amiga, escreva seu final e que seja feliz para sempre.
                                                                        Beijos Julio e Bianca“

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