segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Elena - Capítulo X


-Alô dindo?
-Fala Elena que aconteceu, são 5 da madrugada e você me ligando, tá tudo bem?
-Tá tudo ótimo, maravilhoso, nem sabe o quanto...
-Não to entendendo?
-Fui à cozinha tomar agua e passei no quarto de hospedes pra ver se meu pai estava dormindo bem, se precisava de algo.
-Sim, sim, e?
-E que ele não tá no quarto de hospedes, nem na sala, nem na cozinha mas a carteira dele tá na sala, junto com o celular.
-Hum, acho que to começando a compreender.
-E o quarto da mãe tá chaveado, eu acho que eles estão juntos.
-Ótimo, mas me escuta você vai fazer de conta que não viu nada, deixa que eles te falem, não sei ainda se eles vão ficar juntos.
-Claro que vão, se estão dormindo juntos reataram, não é?
-Calma princesa, os adultos são complicados, não antecipa as coisas ok? Vai dormir, é cedo ainda, se eles não comentarem nada você não comenta também.
-Tá eu vou tentar, mas não prometo boa noite.
-Bom dia né, dorme bem.
Elena desliga o telefone, tenta dormir, mas não consegue, fica pensando como seria se seus pais reatassem, ela finalmente teria a família que ela desejou tantos anos.
Mais tarde ela ouve Vitor saindo do quarto de Ana, pé por pé, ela se esconde pra não ser avistada, Ana esta na porta do quarto diz algo pra Vitor, mas ela não consegue entender, Vitor responde somente com um sim. No café da manhã...
-Bom dia Pai.
-Bom dia Elena. - Vitor sorri, Elena ainda não o tinha chamado de pai tão naturalmente.
-Bom dia mãe. –Diz Elena com um olhar de suspeita.
-Bom dia, você está bem, nunca acorda de bom humor?
-Tô sim mãe, só estou feliz, a família assim reunida, todo mundo se dando bem, parece propaganda de margarina.
Ana e Vítor dão risadas.
-Só você mesmo Elena. - Diz Vitor.
-E você dormiu bem pai?
-Dormi sim, muito bem por sinal. – Ele desvia o olhar pra Ana que com um olhar lhe grita pra disfarçar.
-Hum, e você mãe, dormiu bem também?
-Dormi sim, porque tanto interesse em como nós dormimos? – Retruca Ana desconfiada.
-Não só pra saber mesmo, vou levar o Tequila pra passear, vou demorar umas 2 horas  tá, se comportem.
Ana trava, Elena sai correndo pro jardim e põem a coleira em Tequila. Ana olha pra Vitor.
-Você acha que ela viu alguma coisa?
-Não se não perguntaria.
-Não sei ela tá estranha, tem alguma coisa errada...
-Bom ela disse que temos 2 horas, bem que podíamos aproveitar este tempo.
-Vitor comporte-se, nós já conversamos, aqui não!
-Ok, vamos pra um motel então.
-Tá louco eu num motel? Nem pensar.
Vitor começa a se aproximar de Ana, ela ao mesmo tempo se afasta a cada passo que ele dá em sua direção.
-Vitor para, eu não quero.
-Tem certeza que não, mesmo, só tem nós aqui, hum?
-Eu já disse...
Os dois ouvem uma buzina, é Julio.
-Ana, Vítor, vocês estão aí?
-Na cozinha. – Grita Ana.
Julio chega à cozinha, olha o casal meio esquivado, sem graça.
-Vocês estão bem?
-Claro. –Ambos respondem juntos.
-Aham, então por que estas caras de apavorados?
-Não tem ninguém apavorado, é impressão sua. –Diz Ana
-Vitor, tá a fim de jogar uma bolinha, tem um jogo agora de manhã, falta um.
-Claro, vou me arrumar e já vamos.
Vitor sobe pra se arrumar, Julio fica olhando Ana.
-Então dormiu bem?
-Mas outro, tu e a Elena me tiraram pra saber do meu sono hoje.
-E você chegou a dormir?
-O que, claro, que pergunta.
-Então por que esta cara de culpada, vocês dormiram juntos?
-Não! Claro que não, cada um dormiu no seu quarto.
-Sim, transaram e foram pros seus quartos?
-Não, para com isso Ju, to dizendo que não houve nada.
-E você pretende ficar me dizendo por quanto tempo esta mentira.
-Não é mentira!
-Olha tua cara de feliz, e a dele de satisfação, não que quisessem conseguiriam disfarçar.
Ana fica em silêncio uns instantes.
-Tá tão na cara assim?
-Com letreiro luminoso? Me conta, reataram?
-Não, eu to confusa, não sei se é certo, tem os filhos, a Elena a recém tá se acostumando, eu ainda tenho dúvidas sobre uma série de coisas.
-Eu imagino, mas posso dar uma dica, não pensa muito tá? Da ultima vez teu pensamento te afastou do cara, não vai fazer esta burrada de novo.
-Eu sei, to pensando. Só isso.
-E ele?
-Ele só quer que fiquemos todos juntos, unidos, já disse que vai procurar uma casa aqui por perto. Eu ainda não sei nem o que a Elena vai pensar disto.
-A Elena vai adorar é tudo que ela mais quer.
-Eu tenho que ver ainda, acho que ele tá descendo.
Vitor chega à cozinha.
-Vamos?
-Claro, tchau Ana.
-Tchau pra vocês dois, bom jogo.
Ela observa enquanto eles saem, senta-se na varanda e toma uma xicara de café.
Julio e Vítor estão a caminho do jogo.
-Então Sr. Vitor, como estão as coisas?
-Bem, eu acho, poderia estar melhor...
-Você gosta mesmo da Ana né?
-Sim, muito, dá pra perceber?
-De longe, a Elena viu você saindo do quarto da Ana.
-Aí meu Deus, a Ana vai ficar doente quando descobrir!
-A Elena não vai contar, disse pra ela não dizer nada até a Ana entrar no assunto, até por que imagino que ela deve ter pedido pra ficar isto entre vocês.
-Exatamente.
Julio para o carro. Vira-se para Vitor.
-Cara, você parece bacana, acho que vai cuidar bem das duas, mas posso dizer uma coisa?
-Claro que pode.
-Chega na casa da Ana, pega as suas coisas e vai pra um hotel.
-Não entendi?
-A Ana é a mulher mais complicada que eu conheço, mas felizmente a conheço a um tempo razoável pra saber que ela tá bem confusa e vai querer ficar só.
-Hum, sei...
-E se você sair de lá agora ela vai ficar com grandes dúvidas, talvez ela vá atrás de você daqui uns dias... Mas tem que dar tempo a ela.
-Acho que eu estou entendendo aonde quer chegar, quer que eu saia pra ela sentir falta?
-Exato, mulher quando se sente ignorada de alguma forma, procura. Na verdade homem também é natural do ser humano.
-E se ela não procurar?
-Dá um tempinho pra ela, faz o que eu to te dizendo, vai ver que vai ter um baita resultado.
-Ok, como também não tenho ideia melhor, vou seguir teus conselhos.
Julio o Vítor continuam em direção ao jogo, duas horas depois Julio o larga na casa de Ana.
Ana está no jardim, tomando um chimarrão enquanto meche no computador.
-Oi.
-Oi, não vi tu chegar.
-Estou vendo, tá concentrada.
-Trabalhando.
-Estive pensando, acho melhor eu ir pra um hotel, segunda minha nova residência tá pronta e não quero te dar trabalho.
-Não precisa ir embora, pode ficar até segunda.
-Não, acho melhor eu ir, você precisa pensar, eu também, vai ser melhor pra nós dois.
Julio da um beijo carinhoso no rosto de Ana e sobe pra arrumar as suas coisas.
Alguns minutos depois Ana sobe pra falar com ele.
-Sério, pode ficar. Não precisa sair assim.
-Tudo bem, não se preocupe, tá tudo bem mesmo.
-É que parece que você está... Fugindo de mim.
-Não disse isso, eu só não quero te pressionar. Tá tudo pronto logo meu taxi tá chegando, você pode me ajudar?
-Claro.
Ana e Vítor descem as escadas, logo o taxi chega, eles se despedem e Vitor vai embora.
-Mãe, cadê vocês?
-Filha, to aqui na frente.
-E o pai, saiu?
-Não foi pro hotel.
-Por quê? Você o mandou embora? Não acredito que fez isso?
-Não o mandei embora, ele que decidiu ir, não entendi o porquê também.
-Não tô entendendo nada, você disse alguma coisa tenho certeza, vocês estavam tão bem, até dormiram juntos, eu o vi saindo do seu quarto.
-O que, você viu? Como assim?
-Eu vi tá ok? Vocês iam reatar por que ele se foi?
-Olha Elena, eu nunca disse voltaria pro Vitor, também não sei porque ele se foi, mas você tem que parar de criar expectativas, as coisas não funcionam como você quer.
-Já entendi, e já sei por que ele foi embora.
-Eu não sei o que você sabe, mas está enganada, Elena volta aqui.
Elena sai correndo e sobe as escadas pro quarto. Ana suspira, agora será a vez de ela aguardar.
Dois meses se passam, Elena vai ver o pai quase que diariamente, quinzenalmente ele vai ver os filhos no Rio de Janeiro, em uma das vezes Elena vai junto, conhece os irmãos e a família de Vitor, Ana observa a distância, enquanto conversa inúmeras vezes com os compadres e o pai. Está cada vez mais confusa, sempre que o vê ele é doce, educado, mas não se aproxima. Ana não entende o que fez de errado, mas também não tem coragem de se aproximar, de procura-lo. Sabe que de certa forma é a vez dela de tentar uma aproximação, afinal ele se mudou pra perto dela, a procurou e ela sempre manteve bem claro que não sabia se era aquilo que queria, talvez ela vá ter que dar este passo, mas vai ter que se preparar para isso.

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