sábado, 20 de outubro de 2012

Elena - Capítulo XI



Desde que Vitor chegou a Porto Alegre já se foram 6 meses, Ana se mantém distante, em uma posição segura, ele tenta não vê-la, no entanto, conversa diariamente com Julio e busca informações com Elena, os dois estão sofrendo, pensam em se falar  todos os dia, sonham um com o outro mas ambos não dão o braço a torcer, Julio sabe que desta vez quem tem que o vir atrás dele é Ana e sempre pede para Vitor não procurá-la, que está vendo que ela está quase desistindo e que, mais cedo ou mais tarde seu orgulho não vai ser mais forte que o seu amor por Vitor, ele aguarda. Certa noite Ana liga pra Elena e diz que está indo ao supermercado, ela avisa que Amanda irá dormir em sua casa e quer comer cachorro quente, a mãe atenciosa diz que vai comprar tudo e levar as guloseimas prediletas das meninas também, enquanto Ana olha na bambonieri ouve uma voz familiar.
-Eu sei também penso assim Vitor, talvez se fossemos falar juntos com ele amanha a noite na reunião seria mais fácil, não concorda?
-Claro Fabia, você está certíssima, é impressionante como pensamos parecido...
Ana fica estática, reconhece a voz de Vitor.
-Ana?
Ela se vira, uma bela mulher  voluptuosa, alta, loira e com ar intimidador a enfrenta com um olhar analítico.
-Vítor? Que surpresa. – diz Ana.
-Surpresa a minha. –Ele a olha com ternura, Fabia percebe que á algo entre eles. –Esta é minha assistente Fábia. E Fábia está é a Ana, mãe da minha filha, Juíza da 1º Vara de família de Porto Alegre.
-É uma grande honra, ouço muito falar da “senhora” e de seu maravilhoso trabalho.
O “senhora” desce seco pela garganta de Ana, afinal a moça parece ter um pouco mais de 22 ou 23 anos e Ana com 36 não se sentia tão velha assim, até aquele momento.
-Senhorita. Não sou casada.
-A sim claro, mas não foi por isso...
Antes que Fábia conclua a frase Vitor a interrompe prevendo a possível discussão.
-Fazendo compras?
Ana vira o rosto em direção a ele lentamente e só depois o olhar.
- Como adivinhou? – Pergunta ironicamente e sorri.
- Como está nossa filha?
- Bem.
- Andei ocupado esta semana e não falei com ela, temos um caso grande na procuradoria.
- Andei sabendo.
- Sinto falta dela, me acostumei de ve-la sempre, quando não a vejo todos os dias parece que me falta um pedaço.
-Que lindo isso – Diz Fabia.
- É eu amo muito minha filha.
Ana olha os dois com cara de desprezo e deixa transparecer o asco.
- Realmente Vítor ultimamente você anda um pai muito presente e atencioso, parabéns continue assim.
- A mulher que se casar com você vai ter muita sorte, não acha Sra. Ana, desculpe, senhorita.
Ana a fuzila com os olhos e antes que a resposta saia de sua boca.
- Está de carro? – Pergunta Vítor começando a ficar tenso.
- Não, meu carro está na oficina, eu me envolvi num acidente esta semana.
- Eu soube.
Ana franze a testa.
-Soube como, você não viu Elena a semana toda?
-Falei por e-mail.
-Hum.
-Você deveria fazer uma reciclagem, depois de tantos anos a legislação de transito mudou muito, sabe querida.
-Agora chega... – Diz Ana se inclinando em direção de Fabia.
Vitor se põem no meio das duas de costas pra Ana e de frente pra Fábia.
-Fábia, você já comprou tudo que precisamos pra reunião de amanha né?
-Falta as champanhes e... – Vítor a interrompe mais uma vez
- Eu acredito fielmente no seu bom gosto, como estamos em dois carros, leve tudo pra sua casa e amanhã para o escritório, pague com cheque que eu compenso, vou acompanhar a Ana, até a noite de amanhã. Tchau.
Vitor empurra o carrinho de Ana e a puxa pelo braço rapidamente, ela da uma ultima encarada no fundo dos olhos de Fabia que está enlouquecida de raiva por estar sendo abandonada por Vitor no supermercado, eles andam em direção ao caixa.
-Você tem algo mais pra comprar? –Pergunta Vitor.
-Na verdade eu acho que deveria comprar um Jimo Cupim.
-Pra que isso?
-Pra passar nesta tua cara de pau.
-Eu não vou nem te responder.
Eles seguem entram na fila e logo chega a vez deles, os dois estão em silêncio até que Vitor se pronuncia.
-O que foi aquela cena, me diz?
-Já que você se ofereceu pra me levar em casa, aproveita e paga as compras também, são pra tua filha mesmo. - Ana pega a chaves do carro da mão dele e segue em direção ao elevador.
-Ana volta aqui!
-R$95,37 senhor. – Diz a atendente do caixa.
-O que?
-As compras senhor, ata só um pouco.
Ele paga as compras e sai em direção ao elevador, chega ao carro esta Ana sentada no banco do carona, ele a olha, suspira, pede pra ela destravar o porta malas, entra no carro.
-Podia ter pelo menos me ajudado com as compras?
Ele arranca e alguns quilômetros depois.
-Não vai mais falar comigo também?
-Oque quer que eu diga? Que achei querida sua assistente?
Ele suspira, passa a mão na nuca já sem paciência.
-Aham, um anjo.
-Parece ser muito eficiente.
-A sim, nem imagina o quanto. Quer que eu diga que estamos saindo, dormindo juntos?
-Isso eu já esperava.
Vitor freia o carro quase causando um acidente.
-Você tá louco? – Grita Ana assustada
Ele saí do carro, bate a porta, da a volta e abre a porta do carona.
-Saí do carro.
-O que? Você só pode ter enlouquecido.
-Desce agora, anda.
Ana desce, indignada, no meio de uma avenida lotada com milhares de carros buzinando.  Ele fecha a porta do carona.
-Aonde você vai Vítor?
-Cala a sua boca e não sai daí, não te preocupa que eu não sou um idiota e não vou te deixar aí, mesmo que... Você mereça, e muito.
Volta pra posição do motorista, liga o carro estaciona enquanto Ana observa tudo sem entender nada, abre a porta do banco de trás, procura algo, fecha a porta do carro anda em direção a ela, enquanto Ana o olha completamente transtornada. Ajoelha-se em sua frente. Ana dá um paço pra trás, ele a puxa novamente.
-Sua idiota, eu te amo, entende te amo, e mais do que nunca esta cena ridícula de ciúmes com minha assistente provou que você também me ama, então eu vou te pedir uma vez só e vai ser a ultima vez que vou vir atrás de você,  a ultima... Você quer se casar comigo, Ana?
Ele pega um anel com a outra mão e mostra a Ana enquanto começam a cair várias gotas de chuva...

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