Desde que
Vitor chegou a Porto Alegre já se foram 6 meses, Ana se mantém distante, em uma
posição segura, ele tenta não vê-la, no entanto, conversa diariamente com Julio
e busca informações com Elena, os dois estão sofrendo, pensam em se falar todos os dia, sonham um com o outro mas ambos
não dão o braço a torcer, Julio sabe que desta vez quem tem que o vir atrás
dele é Ana e sempre pede para Vitor não procurá-la, que está vendo que ela está
quase desistindo e que, mais cedo ou mais tarde seu orgulho não vai ser mais
forte que o seu amor por Vitor, ele aguarda. Certa noite Ana liga pra Elena e
diz que está indo ao supermercado, ela avisa que Amanda irá dormir em sua casa
e quer comer cachorro quente, a mãe atenciosa diz que vai comprar tudo e levar
as guloseimas prediletas das meninas também, enquanto Ana olha na bambonieri
ouve uma voz familiar.
-Eu sei
também penso assim Vitor, talvez se fossemos falar juntos com ele amanha a
noite na reunião seria mais fácil, não concorda?
-Claro Fabia,
você está certíssima, é impressionante como pensamos parecido...
Ana fica
estática, reconhece a voz de Vitor.
-Ana?
Ela se vira,
uma bela mulher voluptuosa, alta, loira
e com ar intimidador a enfrenta com um olhar analítico.
-Vítor? Que surpresa.
– diz Ana.
-Surpresa a
minha. –Ele a olha com ternura, Fabia percebe que á algo entre eles. –Esta é
minha assistente Fábia. E Fábia está é a Ana, mãe da minha filha, Juíza da 1º
Vara de família de Porto Alegre.
-É uma grande
honra, ouço muito falar da “senhora” e de seu maravilhoso trabalho.
O “senhora”
desce seco pela garganta de Ana, afinal a moça parece ter um pouco mais de 22
ou 23 anos e Ana com 36 não se sentia tão velha assim, até aquele momento.
-Senhorita. Não
sou casada.
-A sim claro,
mas não foi por isso...
Antes que
Fábia conclua a frase Vitor a interrompe prevendo a possível discussão.
-Fazendo
compras?
Ana vira o
rosto em direção a ele lentamente e só depois o olhar.
- Como
adivinhou? – Pergunta ironicamente e sorri.
- Como está
nossa filha?
- Bem.
- Andei
ocupado esta semana e não falei com ela, temos um caso grande na procuradoria.
- Andei
sabendo.
- Sinto falta
dela, me acostumei de ve-la sempre, quando não a vejo todos os dias parece que
me falta um pedaço.
-Que lindo
isso – Diz Fabia.
- É eu amo
muito minha filha.
Ana olha os
dois com cara de desprezo e deixa transparecer o asco.
- Realmente
Vítor ultimamente você anda um pai muito presente e atencioso, parabéns
continue assim.
- A mulher
que se casar com você vai ter muita sorte, não acha Sra. Ana, desculpe,
senhorita.
Ana a fuzila
com os olhos e antes que a resposta saia de sua boca.
- Está de
carro? – Pergunta Vítor começando a ficar tenso.
- Não, meu
carro está na oficina, eu me envolvi num acidente esta semana.
- Eu soube.
Ana franze a
testa.
-Soube como,
você não viu Elena a semana toda?
-Falei por
e-mail.
-Hum.
-Você deveria
fazer uma reciclagem, depois de tantos anos a legislação de transito mudou
muito, sabe querida.
-Agora
chega... – Diz Ana se inclinando em direção de Fabia.
Vitor se põem
no meio das duas de costas pra Ana e de frente pra Fábia.
-Fábia, você
já comprou tudo que precisamos pra reunião de amanha né?
-Falta as
champanhes e... – Vítor a interrompe mais uma vez
- Eu acredito
fielmente no seu bom gosto, como estamos em dois carros, leve tudo pra sua casa
e amanhã para o escritório, pague com cheque que eu compenso, vou acompanhar a
Ana, até a noite de amanhã. Tchau.
Vitor empurra
o carrinho de Ana e a puxa pelo braço rapidamente, ela da uma ultima encarada
no fundo dos olhos de Fabia que está enlouquecida de raiva por estar sendo
abandonada por Vitor no supermercado, eles andam em direção ao caixa.
-Você tem
algo mais pra comprar? –Pergunta Vitor.
-Na verdade
eu acho que deveria comprar um Jimo Cupim.
-Pra que
isso?
-Pra passar
nesta tua cara de pau.
-Eu não vou
nem te responder.
Eles seguem
entram na fila e logo chega a vez deles, os dois estão em silêncio até que
Vitor se pronuncia.
-O que foi
aquela cena, me diz?
-Já que você
se ofereceu pra me levar em casa, aproveita e paga as compras também, são pra
tua filha mesmo. - Ana pega a chaves do carro da mão dele e segue em direção ao
elevador.
-Ana volta
aqui!
-R$95,37
senhor. – Diz a atendente do caixa.
-O que?
-As compras
senhor, ata só um pouco.
Ele paga as
compras e sai em direção ao elevador, chega ao carro esta Ana sentada no banco
do carona, ele a olha, suspira, pede pra ela destravar o porta malas, entra no
carro.
-Podia ter
pelo menos me ajudado com as compras?
Ele arranca e
alguns quilômetros depois.
-Não vai mais
falar comigo também?
-Oque quer
que eu diga? Que achei querida sua assistente?
Ele suspira,
passa a mão na nuca já sem paciência.
-Aham, um
anjo.
-Parece ser
muito eficiente.
-A sim, nem
imagina o quanto. Quer que eu diga que estamos saindo, dormindo juntos?
-Isso eu já
esperava.
Vitor freia o
carro quase causando um acidente.
-Você tá
louco? – Grita Ana assustada
Ele saí do
carro, bate a porta, da a volta e abre a porta do carona.
-Saí do
carro.
-O que? Você
só pode ter enlouquecido.
-Desce agora,
anda.
Ana desce,
indignada, no meio de uma avenida lotada com milhares de carros buzinando. Ele fecha a porta do carona.
-Aonde você
vai Vítor?
-Cala a sua
boca e não sai daí, não te preocupa que eu não sou um idiota e não vou te
deixar aí, mesmo que... Você mereça, e muito.
Volta pra
posição do motorista, liga o carro estaciona enquanto Ana observa tudo sem
entender nada, abre a porta do banco de trás, procura algo, fecha a porta do
carro anda em direção a ela, enquanto Ana o olha completamente transtornada. Ajoelha-se
em sua frente. Ana dá um paço pra trás, ele a puxa novamente.
-Sua idiota,
eu te amo, entende te amo, e mais do que nunca esta cena ridícula de ciúmes com
minha assistente provou que você também me ama, então eu vou te pedir uma vez
só e vai ser a ultima vez que vou vir atrás de você, a ultima... Você quer se casar comigo, Ana?
Ele pega um
anel com a outra mão e mostra a Ana enquanto começam a cair várias gotas de
chuva...
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