sábado, 8 de fevereiro de 2014

A ponte

Tantas vezes ela passou por essa ponte
tantas vezes ela desejou se atirar dela...
quantas vezes ela pensou se ali não estaria seu fim...

Tantas dores, cicatrizes, memórias
o que se espera da vida quando não se vê esperanças?
Não se espera nada, empurramos com a barriga
os dias que se seguem sem graça alguma.

Ali ela jurou tantas vezes, chorou tantas vezes, sorriu tantas vezes
Agora ela e a ponte se encontravam novamente
enquanto ela pensava:
"É assim que termina? Assim que me despeço?"

Um vento frio a envolve, à deixa arrepiada,
ela apenas olha pra frente e outra voz responde seus pensamentos:
-É assim que termina? Assim tão simplesmente, sem luta, sem dedicação alguma?
Uma lágrima apenas escorre sob seu rosto.

-Não vejo motivos para lutar, não tenho mais força para continuar,
tudo que eu tinha me foi tirado, principalmente a esperança...
-Você não sabe o que diz, nada lhe foi tirado, foi lhe dado.
-Não há sentido em suas palavras, o que eu tenho, nada, só este vazio que corrói minha alma.
-Você tem mais, ter ar nos seus pulmões, um coração que bate forte
olhos que enxergam quase que dentro das pessoas, mãos que dão carinho,
mãos que dão força aos outros também, tem pernas e pés que incentivam outros a segui-la,
sua força esta aí, você pode não ser capaz de enxerga-la, mas será capaz de senti-la,
mas pra isso terá que se permitir.

-E como eu faço isso, com sinto esta força?
-Feche os olhos, sinta os últimos raios de sol tocarem sua face, é capaz de sentir o calor deles?
-Sim - Responde de olhos fechados com o rosto em direção ao sol - posso sentir mas,
não entendo como isso me trará força...
-Isso não lhe trará força, apenas te lembra-rá.
-Como assim, do que? - Ainda de olhos fechados.
-Que se  você se concentrar em algo, focar em algo, é capaz de conseguir, você apenas reclama,
não se esforça para sentir, deseja a felicidade, mas nem tenta ser feliz, quantas pessoas poderiam
estar no seu lugar agora, queriam estar no seu lugar agora...

-Não preciso de sermão...
-Não e sermão, não ousaria, apenas um lembrete, a vida minha cara, é um presente
que as vezes mal valorizamos. Quer ser feliz, foque, concentre-se, só você é capaz de encontrar.
Não é uma pessoa, uma coisa, um trabalho... isto é superficial demais para trazer felicidade.
-Suas palavras são bonitas mas a vida não é tão simples.
-Concordo plenamente, mas não custa tentar não é?

Ela desce lentamente da beira da ponte, se vira para ver de quem é a voz que a aconselha,
apenas o que ela enxerga é um cão, sentado e a olhando.
-Era você falando comigo?
o cão a olha e responde com um latido, depois se deita e a olha.
-Eu devo estar ficando louca... Você tem um lar? Esta com fome?

Ela olha sua bolsa jogada ao seu lado, tira o resto de um sanduíche que não terminou de comer no almoço,
oferece ao cão faminto que come tão rapidamente que a faz rir.
Ela pega a sua bolsa, o cão no colo, entra no seu carro e volta pra casa.

No caminho fica tentando descobrir s alguém falou com ela ou ela estava ficando louca.
Olha o cachorro, e percebe que assim como ela, talvez ele estivesse só e sem rumo,
decide ficar com ele, e o batiza.
-Seu nome será Destino cãozinho, foi ele quem nos juntou, de uma maneira muito estranha, mas
acho que eu posso confiar em você, louca ou não, não vai me custar acreditar e... tentar.

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